A diocese de Leiria-Fátima está a iniciar um novo ciclo pastoral que vai estender-se por dois anos. Depois do biénio dedicado à juventude, começa agora o biénio dedicado à Eucaristia e o pontapé de saída já está dado: o cardeal D. António Marto publicou a aguardada carta pastoral “A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos”, que é o documento orientador para a actividade da Diocese nos próximos tempos.
No documento podem identificar-se três partes bem distintas e complementares. Na primeira parte, é feita uma abordagem ao sacramento no seu contexto actual. Na segunda, é apresentada uma perspectiva teológica da Eucaristia. Na terceira, são enunciadas as linhas de orientação pastoral para o biénio. Num anexo à carta pastoral, está esquematizado o plano pastoral 2020-2022 e disponibilizam-se tabelas com as actividades a desenvolver nos três níveis geográficos: diocesano, vicarial e paroquial.
A Eucaristia no contexto atual
No início da carta, o autor começa por justificar a sua pertinência a partir da experiência dos encontros vicariais de jovens, onde, recorrentemente surgia a pergunta “para ser católico é preciso ir à Missa?”. Sendo um tema que, “na sua amplitude, aponta para o essencial da fé cristã”, é também referido o tempo da pandemia como espaço e oportunidade em que este sacramento fez levantar ainda mais novas questões, nomeadamente a da criatividade.
D. António Marto, considera atravessarmos um tempo “de emergência eucarística” marcada, sobretudo, “pela indiferença e consequente abandono da celebração dominical como se fosse algo meramente opcional”.
A Eucaristia, mistério admirável
O cardeal serve-se, então, do episódio evangélico dos discípulos de Emaús, como inspiração para um breve tratado acerca da Eucaristia. A cena que envolve esta história que se passa depois da paixão de Jesus Cristo, é uma paráfrase da assembleia dominical, onde estão presentes as duas mesas que os cristão celebram: a da Palavra — expressão que surge 48 vezes na carta — e a da Eucaristia.
“A Eucaristia é o pão e o sacramento da fraternidade e isto deve aparecer na estrutura da celebração e na vida quotidiana. Onde há divisão, desinteresse recíproco, incapacidade de partilha, fechamento em si mesmo, desrespeito da dignidade humana, descarte dos pobres e frágeis, a Eucaristia é profanada, como nos mostram as palavras duras que brotam do coração amargurado do apóstolo Paulo face ao comportamento incoerente dos cristãos de Corinto.”
Dada a centralidade da Eucaristia na vida do cristão, D. António Marto apela à promoção da qualidade das celebrações, que passa pelo “respeito das normas litúrgicas” e que se concretiza com a “participação consciente, ativa e devota, interior e exterior, íntima e visível de toda a assembleia na celebração”.
Linhas de orientação pastoral
Não é de estranhar que as linhas de orientação pastoral sejam no sentido de promover uma maior participação e, sobretudo, uma participação mais consciente na celebração eucarística. Assim, a actuação pastoral deve começar por “despertar a fé na presença real de Jesus e o gosto do encontro com Ele”, passando pela “leitura e o estudo da Palavra de Deus na Sagrada Escritura”. Aí são apresentadas duas sugestões bem práticas: a experiência das “24 horas para o Senhor” e a frequência de momentos formativos como os que são apresentados pelo Centro de Formação e Cultura Cristã da diocese de Leiria-Fátima. Mas o que não faltam são as sugestões: leitura orante, retiro popular, grupos bíblicos, entre outros.
Outro aspeto importante é a valorização da dimensão comunitária. A Missa deve ser um ato preparado pela comunidade, dando uma atenção especial às diversas equipas: da liturgia, leitores, de acolhimento, de ministros da comunhão. Mesmo os aspetos estéticos dos espaço e dos momentos celebrativos devem ser considerados com atenção “sem deixar lugar a improvisações”
Também a catequese é importante “como alicerce da vida cristã” e supõe a centralidade da Eucaristia devendo, por isso, “proporcionar uma iniciação gradual e progressiva ao mistério da Eucaristia, prestando maior e melhor atenção aos temas eucarísticos e levando a conhecer e a viver a linguagem dos espaços, símbolos, gestos, palavras e cânticos litúrgicos”. O Bispo diocesano apela, por isso, a que se conheça bem o Diretório para Missas com Crianças.
Neste contexto, os próprios sacerdotes têm também indicações do seu pastor: “o estilo de comunhão há de manifestar-se nas suas palavras e atitudes, nos gestos e modo de vida. Leva a cultivar uma relação próxima, afável e compreensiva, a atitudes de acolhimento, à aproximação de todos sobretudo dos mais frágeis e dos afastados, à atenção às feridas e aos problemas humanos”.
Fonte: Gabinete de Informação e Comunicação da Diocese Leiria-Fátima
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