O cardeal D. António Marto, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, foi hoje, 9 de janeiro, distinguido como membro de mérito pela Academia Portuguesa de História.
A sessão solene da Academia Portuguesa de História decorreu durante a tarde no Palácio dos Lilases, em Lisboa, e contou com a participação da ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Na sua alocução proferida no momento da receção dos académicos eleitos, D. António Marto fez questão de lembrar o Congresso Histórico da Diocese de Leiria-Fátima realizado em maio do ano passado. Seria nesse congresso que “a Presidente da Academia Portuguesa da História, em nome do Conselho Académico, comunicava aos participantes a decisão de ser acolhido nesta vetusta agremiação científica, que tanto prezo e em que me habituei a procurar os especialistas que preciso de citar quando alicerço o pensamento no rigor da história criticamente documentada”, enquadrou o Bispo de Leiria-Fátima, sublinhando que “a decisão não decorreu da nomeação que no dia seguinte havia saído da janela pontifícia, em Roma, sobre o cardinalato a que fui chamado, mas da benevolência do Conselho Académico que, porventura, pretenderá dotar a Academia de olhares transdisciplinares sobre o mundo do conhecimento”.
No seu discurso, o Cardeal manifestou-se honrado por passar a pertencer à “mais antiga agremiação científica do nosso País, cujas raízes remontam ao reinado de D. João V que a erigiu sob o patrocínio da Senhora da Conceição, padroeira principal de Portugal”, ainda mais porque “foram muitos os intelectuais que aqui cumpriram o seu dever, colocando-se ao serviço da comunidade, perscrutando a atividade humana, os seus motores e as suas consequências sociais, políticas, económicas, ideológicas, militares, religiosas e culturais através do exercício da História”. Para o Prelado, a perda da memória histórica, de que é guardiã a instituição que o recebe, faz com que o povo “corte as suas raízes, perca a consciência da sua identidade”. Daí que ele se comprometa a “contribuir com a convicção de que saber fazer memória do passado não significa sermos nostálgicos ou ficarmos presos a um determinado período da história, mas saber reconhecer as próprias origens”.
D. António Marto passa a figurar numa lista de membros da Academia Portuguesa de História que incluía já várias figuras da Igreja Católica em Portugal, como D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa; D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora; D. Carlos Azevedo, atualmente em Roma como delegado do Conselho Pontifício da Cultura; e D. António Montes, bispo emérito de Bragança-Miranda.
Outras personalidades que integram a Academia
Durante a sessão foram ainda recebidas outras cinco personalidades com o grau de académicos honorários: Pedro Santana Lopes, António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros, José Alarcão Troni, José Bouza Serrano e Fernando Baptista.
Na mesma senda estão nomes da sociedade civil como o de Marcelo Rebelo de Sousa, atual presidente da República Portuguesa; e do professor Adriano Moreira, distinguido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica em Portugal, com o prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.
Nota biográfica de D. António Marto
António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, concelho de Chaves; e foi ordenado padre em Roma no ano de 1971, como presbítero da Diocese de Vila Real.
A sua formação académica contemplou estudos em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (de 1970 a 1977), onde fez o doutoramento, com a tese: “Esperança cristã e futuro do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II”.
Desde 1977 até 2000 trabalhou na formação de candidatos ao sacerdócio no Seminário Maior do Porto, como formador e prefeito de estudos.
A partir de 1977 exerceu também atividade docente em diversos âmbitos. Foi professor de diversas áreas da teologia no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas (Porto), no Centro de Cultura Católica (Porto), na Faculdade de Teologia e na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (Porto).
Nestas instituições académicas integrou diversas comissões, tanto ao nível científico como diretivo; foi também diretor-adjunto da mesma Faculdade de Teologia.
É atualmente membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa.
D. António Marto foi nomeado bispo no ano 2000, por João Paulo II, tendo escolhido o seguinte lema episcopal: “Servidores da vossa alegria” (2Cor 1,24).
Foi bispo auxiliar de Braga de 2001 a 2004 e bispo de Viseu desde então até 22 de abril de 2006, data em que recebeu a nomeação para bispo de Leiria-Fátima, por decisão de Bento XVI; entrou nesta diocese no dia 25 de junho de 2006.
Como bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto recebeu no Santuário da Cova da Iria os Papas Bento XVI (2010) e Francisco (2017).
O prelado português, criado cardeal pelo Papa Francisco em junho de 2018, escreveu vários artigos de especialização em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas “Humanística e Teologia”, “Communio” e “Theologica”.
D. António Marto é desde 2014 vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e no plano internacional foi delegado da Conferência Episcopal na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) entre 2011 e 2017; e é desde outubro de 2018 membro do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Fundada em 1720 pelo rei D. João V, a Academia Portuguesa de História é uma instituição científica de utilidade pública que reúne especialistas que se dedicam à reconstituição documental e crítica do passado, através da organização de eventos e da criação de publicações, nomeadamente de fontes e obras que, com o necessário rigor científico, facilitem a todos os portugueses o conhecimento da sua História.
O mesmo organismo, que funciona como órgão consultivo do Governo em matérias da sua competência, passa a contar a partir de hoje com um total de 459 académicos, distribuídos entre membros de mérito, honorários, de número, beneméritos e correspondentes.
Fonte: Diocese Leiria-Fátima
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