Chegámos a Setembro! As férias, para muitos, ficaram para trás e há um novo ano letivo que começa. Apesar de todas as restrições, parece sentir-se um certo alívio de poder regressar a uma certa normalidade.
O Papa Francisco decidiu dedicar este mês à oração pelo meio ambiente. Num pequeno vídeo de apresentação desta intenção mensal de oração, o Papa pede que se comece a cuidar do planeta “hoje, não amanhã” e “com responsabilidade”. Diz-nos também que o cuidado pelo planeta deve partir do controle do desejo de possuir e de “saquear” os recursos que ele tem para nos dar. Tal desejo pode ser controlado, quando cultivado um profundo sentimento de partilha, de consciência que os recursos devem ser igualmente divididos por todos.
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Estes constantes apelos ao cuidado do meio-ambiente, da parte do Papa, não são novos. As razões para esta insistência são bastante conhecidas, e esta preocupação tem ganho novas dimensões porque vem sendo partilhada por várias figuras importantes da nossa sociedade, tanto a nível religioso, como político, como científico. Hoje em dia, já ninguém fica indiferente à degradação do planeta e ao cuidado que cada um deve ter. Sabemos que podemos estar mesmo a precipitar o fim da vida no planeta Terra, graças às nossas ações, e esta consciência não nos deve deixar tranquilos.
São sobretudo os jovens que, olhando para o futuro, e vendo que esta problemática tem tendência a agravar-se nos próximos anos, fazem sentir a sua voz. Daí a popularidade que jovens, como Greta Thunberg, têm ganho por não terem medo de mostrar, frente aos maiores líderes políticos, que muito ainda está por fazer.
Entre debates, protestos, e mostras de preocupação pelo futuro, entre aquilo que de mau se fez e faz, e aquilo que de melhor poderá ser feito, trocam-se diversos argumentos racionais e económicos, sobre medidas a ser tomadas, tentando não alterar drasticamente o estilo de vida que fomos construindo. São imensas as razões que podemos apontar sobre a necessidade de sermos mais cuidadosos com o meio-ambiente. Assim como, por outro lado, podíamos apontar muitas outras razões para acreditarmos que não há volta a dar no progresso tecnocientífico feito até hoje, e que a mesma tecnologia nos poderá ajudar a salvar o planeta Terra. Acredito e sinto que, muitas vezes, ficamos presos nestes diversos argumentos racionais. Por isso, acho que a nossa preocupação pela natureza deve nascer, mais do que de um conjunto de cálculos sobre o que poderá ser o futuro do planeta, de um sentimento profundo de sermos criados para a comunhão e contemplação da beleza que a Criação nos transmite.
Ontem, ao visitar o cabo da Roca com outros salesianos, alguém dizia: “Repara como apesar de este local estar cheio de gente e turistas, quase não se ouve barulho”. A beleza daquilo que se apresenta a nós sem intervenção humana, deixa-nos assim: em estado de contemplação e de paz interior. É certo que muitas obras criadas pelo ser-humano, também nos podem deixar neste estado de contemplação. Mas, será difícil comparar o mais bonito dos quadros, ao mais belo pôr-do-sol, ou comparar o mais bonito palácio, à mais bela das montanhas.
Com os minutos contados e a achar que só é bom aquilo que é útil, poderíamos quase dizer, que deixámos de saber contemplar o que é naturalmente belo. E, ao fazê-lo, perdemos a consciência natural de que esta beleza merece ser cuidada e preservada. Talvez por isso, Dostoevskij, escritor russo, afirmasse de forma tão segura que “a beleza salvará o mundo”.
Saibamos nós contemplar a beleza que Deus nos oferece em cada recanto da Natureza, nas flores, no sol, nos animais,… para assim percebermos que somos criados para a beleza e que, em vez de sermos nós a salvá-la, talvez seja ela a que nos pode salvar.
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