Coragem para, ao longo da Quaresma, subir até à transfiguração pascal

A Liturgia da Palavra desta Quaresma continua a sintonizar-nos com os grandes momentos da história da salvação. Se Jesus assume em Si todo o percurso de Israel para reescrever e redimir a sua história, a referência aos grandes momentos dessa mesma história pretende veicular o cumprimento de todas as Escrituras em Jesus. Abraão, Moisés e Elias são figuras-chave na fé de Israel, mas é em Cristo que Deus Se quer revelar plenamente à Humanidade. O convite a escutá-l’O é muito mais do que um desafio; é uma obrigação para qualquer cristão que queira conformar a sua vida com a do seu Senhor.

1ª Leitura: livro do Génesis 12, 1-4a — Vocação de Abraão, pai do povo de Deus
A primeira afirmação da nossa fé, em relação aos homens, é que Deus nos chamou para sermos o seu Povo. Este chamamento está já nas origens, mas houve depois, ao longo da história da salvação, momentos especialmente significativos, e, destes, o primeiro e bem significativo foi, sem dúvida, o chamamento de Abraão. É a partir de Abraão que aparece, no meio de todos os outros povos, o Povo de Deus. Com ele o Senhor faz Aliança e a ele entrega a grande promessa, de que nele serão abençoados todos os povos da Terra, promessa que se há-de realizar plenamente no Descendente de Abraão, Jesus Cristo.

Salmo 32 (33) — Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia

2ª Leitura: Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo 1, 8b-10 — Deus nos chama e ilumina
O chamamento de Deus chega até aos homens por seu Filho, Jesus Cristo, que, na leitura do Evangelho, o próprio Pai nos apresenta para que O escutemos. Por Ele se renova a Aliança entre Deus e os homens, e n’Ele já temos a garantia da vida e da imortalidade. É esta a fé da Igreja desde o princípio, como o Apóstolo o atesta.

Evangelho: São Mateus 17, 1-9  — “O seu rosto ficou resplandecente como o sol”
A Transfiguração é a revelação antecipada de Cristo glorioso, como a sua Ressurreição, no fim da Quaresma, O há-de manifestar. Em Cristo transfigurado se antevê, desde já, a vida e a imortalidade a que somos chamados, reconhecemos a glória do Filho de Deus que se há-de revelar em nós próprios e tomamos coragem para subirmos, ao longo da Quaresma, até a transfiguração pascal, que Deus dará a quem escutar e seguir o seu Filho.