A Comunidade Vida e Paz vai promover de 16 a 18 de dezembro a 28ª Festa de Natal para as pessoas sem-abrigo, um encontro de três dias para oferecer uma oportunidade de mudança de vida baseada na confiança.
“São pessoas ostracizadas ao longo do ano em alguns serviços, por vezes não têm condições de literacia para ter acesso a serviços e na festa tentamos tirar todas as barreiras”, explica Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP), à Agência ECCLESIA.
Mais de 1000 voluntários estarão disponíveis na cantina da Universidade de Lisboa para receber, acompanhar, ajudar e encaminhar os “convidados” que vão começar a chegar na sexta-feira à tarde, transportados pela CVP, a um espaço decorado por crianças das escolas.
“Queremos um espaço onde as pessoas se sintam em casa, acolhidas, amadas e isso gera confiança para que possam acreditar que podem viver de outra maneira. A palavra-chave é a confiança”, refere Henrique Joaquim.
Esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, procura nas rondas noturnas que realiza na cidade de Lisboa, satisfazer as necessidades básicas mas também os serviços de saúde e de cidadania.
Nos dias 16, 17 e 18 de dezembro o espaço vai ser dividido em 22 áreas possibilitando a quem chega fazer uma refeição, “ver televisão ou conversar com um voluntário”, cuidar da sua higiene ou tratar do seu cartão de cidadão.
“Parecendo uma coisa vulgar, ter um cartão de cidadão é algo fantástico porque faz toda a diferença ter acesso a este serviço”, assinala o presidente da CVP.
Para além dos voluntários a equipa técnica vai estar a trabalhar nos três dias da festa para que “qualquer pessoa que esteja em vulnerabilidade social possa iniciar ali um processo de acompanhamento que terá continuidade ao longo do ano”.
Henrique Joaquim sublinha que o encontro quer afirmar às pessoas em situação de sem-abrigo que é possível viver de outra forma.
A trabalhar desde 1988 com as primeiras abordagens de rua, a CVP cresceu percebendo que o processo de recuperação “não terminava com o sair da rua”.
“Criaram-se as comunidades terapêuticas, associou-se a formação e a criação de hábitos de trabalho, surgiram os apartamentos partilhados”, recorda o presidente da instituição católica, assegurando que a autonomia das pessoas é essencial.
Um trabalho alicerçado por cerca de 500 voluntários que todo os dias ano saem à rua, à noite, procurando estabelecer uma ligação com a pessoa sem abrigo: “Uma grande equipa que ajuda as pessoas a acreditar e a ganhar confiança para viver com outras condições”.
Com uma taxa de sucesso de cerca de 75%, a CVP acredita que a mudança é possível, tendo lançado uma petição pública na qual propõe que até 2020 não haja ninguém na rua por falta de condições.
“A CVP tem uma responsabilidade social. Acompanhando as políticas e conhecendo a imensidão de pessoas e instituições que querem ajudar, retomando a estratégia nacional que até 2015 foi boa, seria possível concretizar um objetivo comum a nível nacional”, realça Henrique Joaquim.
Para este responsável, o combate contra a indiferença é uma das prioridades: “Um dos grandes obstáculos que temos é a indiferença: todos achamos que ter uma pessoa na rua é normal, e não é, é indigno”.
A colaboração para a 28ª Festa de Natal ainda é possível através de géneros alimentares, roupa ou dinheiro.
Fonte: Agência Ecclesia
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