Como esperar pelo José que nunca chega?

Esse tempo de espera pelo José precisa ser vivido sem tortura

É muito comum, nos retiros de Igreja, quando se fala sobre relacionamento amoroso, as meninas se referirem ao futuro namorado, noivo, marido como o seu ‘José’. Fazem referência ao santo esposo de Maria, um exemplo para nós de respeito, cuidado, paciência e dedicação à família. São José é venerado não só como padroeiro do trabalho, mas também como um modelo de virtudes em quem os homens podem se espelhar.

Para muitas meninas, no entanto, esse discurso “esperando o José” é como uma vitrola quebrada: entra ano, sai ano, nada muda, nada do José aparecer.

O que fazer?
O tempo vai passando e a cobrança social por estar sem um namorado vai aumentando. Se já passou dos 30 anos, é um “Deus nos acuda!”, pois o relógio biológico já implora pela maternidade.

A opção é continuar vivendo a vida plenamente solteira, sendo uma pessoa legal, agradável, cuidando de sua saúde e seu corpo, ampliando seu círculo de amigos; afinal, se o José chegar, é bom encontrar uma mulher inteligente e que saiba conversar, no mínimo. Mas pode ser que isso não aconteça e a sua cabeça comece a se torturar com questionamentos: “O que estou fazendo de errado? Por que ninguém quer namorar a sério comigo? Qual será o meu problema? Será que sou feia demais? Falo demais? Sou desagradável?”.

Primeiro perigo
Aí mora um primeiro perigo: o de autoflagelar-se, simplesmente porque está sozinha há um tempo, por não corresponder à expectativa social de que todas as mulheres vão namorar, noivar, casar, ter filhos e viver felizes para sempre. É claro que pode fazer uma autocrítica e verificar se está bem consigo mesma, com sua família, para estar bem com outra pessoa e pensar em formar uma família. Pense: é uma pessoa chata? Sinceramente, avalie-se, porque ninguém quer gente chata ao seu redor para toda a vida.

Não se cobre além da conta, veja se está a ser autêntica, pois autenticidade, numa sociedade tão superficial e plastificada, é moeda valiosa e especial.

Segundo perigo
O segundo perigo está em considerar-se tão melhor que os meninos ao seu redor, que nenhum é suficientemente bom para o seu padrão de beleza ou de recursos financeiros, culturais, enfim. Para mim, nada disso adianta se o homem não é inteligente, se não consegue desenvolver um raciocínio sobre o mundo em que vivemos, se está alienado política e culturalmente, porque a beleza passa, o dinheiro acaba e companheirismo exige diálogo; então, alguém com quem minimamente se estabeleça uma conversa agradável no fim do dia para mim é essencial.

O extremo oposto também é perigoso: a tentação de agarrar o primeiro homem que aparecer, seja do jeito que for – afinal, antes acompanhada de qualquer jeito do que só! Cuidado com isso! Para estar com alguém é importante que essa pessoa tenha valores parecidos com os seus, e que seja alguém que trabalhe, consiga construir e sustentar um lar, que tenha sonhos que possam ser cultivados pelos dois.

É bom refletir
Lembre-se que prudente é quem constrói a casa sobre a rocha, lugar seguro, onde podem vir ventos e tempestades, mas a casa continuará inabalável (cf. Mt 7,24-27). Não seja insensata. Peça a Deus discernimento nas suas escolhas amorosas e conceba também a possibilidade de ser plenamente feliz sem estar em um relacionamento amoroso. Antes só e com Deus do que mal acompanhada.

 

Nuno Nogueira
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