Com os primeiros casos de coronavírus confirmados no país, Nicolás Maduro anunciou no sábado “medidas drásticas” para a contenção da epidemia, decretando o “estado de alarme”. Esta situação vem agravar ainda mais a preocupação pela saúde e bem-estar dos venezuelanos, numa altura em que o país enfrenta talvez a maior crise da sua história.
De facto, praticamente cinco milhões de venezuelanos – 4,9 milhões – abandonaram já as suas casas desde 2015, no que se pode considerar uma fuga em massa das populações ao ambiente de miséria em que caiu o país sul-americano. Os dados foram revelados na semana passada pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que informou o Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a crise política e económica que se vive na Venezuela, alertando para actos de violência por parte das forças da ordem e apoiantes do governo “contra parlamentares da oposição”.
O gabinete de Bachelet na Venezuela documentou “agressões contra opositores políticos, manifestantes e jornalistas, sem que as forças de segurança actuassem”, havendo registos de buscas na sede de um partido político, organizações não-governamentais e meios de comunicação social.
“O meu escritório continua a receber testemunhos de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes na sede da Direcção Geral de Contra-Inteligência Militar em Caracas”, assim como a “detenção arbitrária de líderes sindicais”. A Alta Comissária da ONU manifestou ainda a sua preocupação pela intenção das autoridades que pretendem sancionar organizações de defesa dos direitos humanos que, de alguma forma, recebam apoio do exterior.
A Venezuela vive uma situação de caos, com o país politicamente dividido entre o governo de Nicolás Maduro e o líder da oposição, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino pelos Estados Unidos e muitos países da comunidade internacional, nomeadamente Portugal.
A situação de crise económica está a ter consequências dramáticas para as populações, especialmente os pessoas que se encontram numa situação mais vulnerável, nomeadamente as crianças, os doentes e idosos.
Nestes tempos de incerteza e de dificuldade, a Igreja Católica tem sido o amparo de milhões de venezuelanos. Graças à ajuda de organizações como a Fundação AIS, a Igreja tem tentado aliviar o sofrimento das pessoas que deixaram de ter meios de subsistência.
Ainda recentemente, o Arcebispo de Mérida e Administrador Apostólico de Caracas esteve em Espanha para agradecer a ajuda que a Fundação AIS tem vindo a disponibilizar ao seu país. O Cardeal Baltazar Porras afirmou em Madrid que a Igreja Católica na Venezuela “não perde esperança, criatividade e constância”, e dedica-se totalmente a ajudar as pessoas nesta crise social, política, económica e humanitária. “A Igreja trabalha com criatividade para servir aos outros”, disse. “Nos bairros mais populares, a presença da Igreja é impressionante, envolvida em todas essas comunidades com uma alegria e uma dedicação que me edificam”.
Exemplo deste esforço solidário, as paróquias da Venezuela foram transformadas em refeitórios sociais e dispensários médicos. São “as pessoas simples e humildes que doam, como no Evangelho, o pouco que têm”, disse o cardeal venezuelano, sublinhando que o trabalho dos padres, religiosos e leigos nesta ajuda solidária tem sido incrível: “eles não apenas dão comida; acompanham, doam tempo e dedicação. A maior falta agora é a do afecto”.
A Fundação AIS tem vindo a apoiar a igreja venezuelana através de diversos projectos de emergência humanitária, que passam pelo apoio a cantinas paroquiais, construção de poços de água ou, por exemplo, a compra de geradores elétricos, entre outras necessidades.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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