O Papa Francisco dedicou a catequese desta quarta-feira, 2, ao tema “misericórdia e correção”. Ele falou de Deus como o pai que ama e, justamente por isso, corrige seus filhos quando necessário.
Mas o caminho da misericórdia divina é aquele da correção afectuosa, que deixa a porta aberta à esperança. Francisco explicou que Deus não quer sacrifícios rituais, mas sim indica o caminho da justiça; como diz o profeta Isaías, a Deus não agrada o sangue de touros e cordeiros, sobretudo se a oferta é feita com as mãos sujas com o sangue dos irmãos.
Nesse ponto, o Papa fez uma crítica a algumas pessoas que fazem doações à Igreja mas com “dinheiro sujo”. “Penso em alguns benfeitores da Igreja, com boas ofertas, mas esta oferta é fruto de tanta gente explorada, maltratada, escravizada com o trabalho mal pago. Eu digo a estas pessoas: levem de volta este cheque, queime-o. O povo de Deus, isso é, a Igreja, não precisa de dinheiro sujo, mas de corações abertos à misericórdia de Deus”.
O Pai afectuoso que não renega seus filhos
A reflexão da catequese veio da leitura do livro do profeta Isaías, em que Deus, como pai afetuoso e atento, dirige-se a Israel acusando-o de infidelidade e corrupção para levá-lo de volta ao caminho da justiça.
“Deus, mediante o profeta, fala ao povo com a amargura de um pai desiludido: fez os filhos crescerem e agora eles se rebelaram contra Ele”. Mas mesmo ferido, Deus deixa o amor falar e apela à consciência de seus filhos para que se regenerem, explicou o Papa. Essa é a missão educativa dos pais, fazer os filhos crescerem na liberdade, responsáveis, capazes de fazer obras boas para si e para os outros. Mas por causa do pecado, a liberdade se torna pretensão de autonomia e orgulho, ressaltou Francisco, e por isso Deus apela à consciência de seu povo.
“Deus nunca nos renega, nós somos o seu povo. O mais maldoso dos homens, a mais maldosa das mulheres, o mais maldoso dos povos são seus filhos. E esse é Deus: nunca nos renega! Diz sempre: ‘filho, vem’. E esse é o amor do nosso Pai; essa misericórdia de Deus. Ter um pai assim nos dá esperança, confiança”.
O Papa enfatizou que onde se rejeita Deus não há vida possível, mas mesmo esse momento doloroso acontece em vista da salvação: a provação é dada para que o povo experimente a amargura de quem abandona Deus. “O sofrimento, consequência inevitável de uma decisão autodestrutiva, deve fazer o pecador refletir para abri-lo à conversão e ao perdão (…) Este é o caminho da misericórdia divina”.
Fonte: cancaonova.com
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023