Casamento feliz e núpcias de Sara e Tobias

Ensinamentos de Sara e Tobias para um casamento feliz


O livro de Tobias retrata a importância da família e do matrimônio dentro do contexto histórico próprio do Antigo Testamento. Mas é possível uma reflexão desse texto, trazendo-o para a realidade dos dias atuais, tanto para os namorados e noivos quanto para os já casados. Essa história é para todos os que querem aprender sobre um belíssimo ensinamento de como se deve caminhar para um casamento feliz. Pois, mesmo em meio às dificuldades e provações, é incontestável a certeza da alegria e a realização que a comunhão conjugal no matrimônio produz no amor.

O Criador quis, ao criar a criatura, homem e mulher, filhos amados, que estes se unissem, pois “o homem e a mulher são feitos um para o outro: não que Deus os tivesse feito apenas pela metade e incompletos; criou-os para uma comunhão de pessoas, na qual cada um dos dois pode ser ajuda para o outro, por serem, ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas (osso de meus ossos) e complementares enquanto masculino e feminino” (CIC 372).

Essa é a certeza de que a Palavra de Deus, a Igreja e a própria vivência do sacramento do matrimônio oferece: o homem se complementa na mulher e a mulher se complementa no homem, e ambos juntos se plenificam e se realizam em Deus.

Todo amor entre duas pessoas, quando vivido em Deus, sempre conduzirá para o próprio Deus, que ensina como e o que é amar de verdade. Com isso, após muitas provações e situações difíceis na vida de Tobias e Sara, a Divina Providência, agora, irá unir os dois caminhos em um só caminho no sentido de completude. Pois é chegado o belo instante do encontro dos dois.

Encontro de Sara e Tobias
“Raguel mandou chamar Sara, sua filha, e a apresentou a ele. Tomando-a pela mão, entregou-a a ele e disse: ‘Recebe-a conforme a lei e a sentença escrita no livro de Moisés, segundo a qual ela te é dada como esposa’” (Tb 7,12).

Um dos grandes momentos do livro de Tobias é seu encontro com Sara. Tudo foi preparado nos mínimos detalhes pela Providência de Deus, que conduziu o jovem diante das muitas dificuldades e dos diversos obstáculos até a descoberta de seu amor.

Junto a Tobias estava o anjo Rafael enviado por Deus, para cuidar dele em sua viagem, que foi solicitada por seu pai para resolver algumas questões familiares. É nesse percurso que Tobias encontrará sua amada, que a Bíblia se refere como a “moça sábia, corajosa e de grande formosura” (Tb 6,12), já que Sara era uma bela mulher segundo o coração de Deus.

Tobias sabia da história dos sete maridos que morreram por terem se casado com Sara. Mas o anjo Rafael orienta-o dizendo: “Não temas. Ela foi destinada para ti desde sempre e tu a salvarás. Ela irá contigo e tenho certeza de que terás filhos com ela” (Tb 6, 18). Com isso, Tobias não temeu, continuou decididamente.

Assim, desejado e pensado por Deus, o encontro tão esperado entre Sara e Tobias acontece, de forma simples e conforme o costume da época. O sentimento de Tobias para com Sara não brotou à primeira vista nem após um tempo de conhecimento, mas ele “enamorou-se dela apaixonadamente” (Tb 6, 19) antes mesmo de a ver. Claro que, no contexto da história, é uma forma de retratar sobre o amor e a vontade de Deus, porque não se trata de um amor fantasioso, ilusório e fora da realidade, mas sim de uma amor que nasce de uma fidelidade a Deus na espera do momento certo.

Portanto, neste encontro de amor, Sara e Tobias compõem uma história, que começa no coração dos dois, cumprindo os desígnios de Deus. Pois onde Deus está, o amor também está, porque “Deus é amor” (1 Jo 4,8).

Casamento e felicidade
Casamento e felicidade estão intrinsecamente relacionados. O matrimônio é fonte de realização para os cônjuges, porque na alegria e na tristeza, é o amor que faz com que a beleza da união permaneça e supere todas as situações difíceis próprias do relacionamento.

Na vida de Tobias, não foi diferente sobre a beleza da união, mas antes, ouve uma caminhada até chegar ao momento de se consumar a promessa de Deus. Tobias chega a Ecbátana, e o anjo Rafael o conduz até a casa de Raguel o pai de Sara. Após entrarem em casa de Raguel, Tobias teve um bom diálogo com Edna, mãe de Sara e seu pai. Depois de todos se conhecerem, “Raguel mandou chamar Sara, sua filha, e a apresentou a ele. Tomando-a pela mão, entregou-a a ele e disse: Recebe-a conforme a lei e a sentença escrita no livro de Moisés, segundo a qual ela te é dada como esposa” (Tb 7,12). Tobias recebe Sara como sua esposa segundo o procedimento próprio da época sobre o casamento.

“Ela te é dada a partir de hoje e para sempre” (Tb 7, 11). Sara e Tobias estão casados e começam uma nova vida juntos. Como a história de muitos casais, hoje, que dão o seu ‘sim’ para uma união matrimonial, lembremos o que diz a Igreja sobre esse belíssimo compromisso de amor:

“O sacramento do matrimônio significa a união de Cristo com a Igreja. Concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja; a graça do sacramento leva à perfeição o amor humano dos esposos, consolida sua unidade indissolúvel e os santifica no caminho da vida eterna” (CIC 1661).

As núpcias
“Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, significam e favorecem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (CIC 2362).

Diante da situação de Sara, que tinha seus maridos mortos ao se aproximarem dela na primeira noite, com seu esposo Tobias, que confiou em Deus e seguiu as orientações do anjo Rafael, nada o aconteceu. Em sua noite de núpcias, “Tobias levantou-se do leito e disse a Sara: ‘Levanta-te, minha irmã! Oremos e supliquemos a nosso Senhor, para que nos conceda misericórdia e salvação’. Ela levantou-se, e começaram a orar e suplicar o Senhor, para que lhes fosse concedida a saúde” (Tb 8,4-5). Deus os atendeu e viveram felizes.

Assim, atualizando a história de Sara e Tobias para a realidade do matrimônio hoje, pode-se dizer do casamento que “os dois se doam definitiva e totalmente um ao outro. Não são mais dois, mas formam doravante uma só carne” (CIC 2364).