D. Manuel Clemente presidiu à ordenação de cinco sacerdotes no Mosteiro dos Jerónimos seguindo as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa no contexto da pandemia
O cardeal-patriarca presidiu hoje à ordenação de cinco sacerdotes no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, referiu-se à opção pelos pobres e ao celibato e alertou para “limitações físicas” e de “ordem educativa e cultural” que marcam o crescimento.
Para D. Manuel Clemente há “limitações físicas nalguns casos que pedem resposta clínica competente” e “outras se acrescentam de ordem educativa e cultural, quando alguma ideologia ou preconceito contrariam a formação e o crescimento num quadro geral de valores humanizantes”.
O cardeal-patriarca sublinhou a necessidade de salvaguardar “valores como os que incluem o respeito pela vida, concebida ou fragilizada que esteja, a complementaridade essencial homem mulher, a igual dignidade de todos ou a abertura à religião transcendente”.
“Omitir ou contrariar tais valores deforma e entorpece qualquer um. E desde muito cedo infelizmente”, afirmou.
Questionado no fim da celebração se estas referências foram feitas tendo em conta algum facto em concreto, nomeadamente a emissão de uma série televisiva dirigida a crianças e adolescentes, D. Manuel Clemente afirmou que “não estava em causa nada em particular”, tratando-se antes de uma “indicação geral de que não pode haver educação sem convicção”.
“É isso apenas que eu quis referir: nós temos uma tradição própria, que é aquela que nós extraímos do Evangelho, que em a ver com a igualdade fundamental de todos os homens e mulheres e também a sua complementaridade, que tem a ver com o respeito da vida desde a concepção até à morte natural, a liberdade religiosa, e estas indicações são gerais e são de sempre”, afirmou.
Na homilia da Missa de ordenação sacerdotal, D. Manuel Clemente lembrou que a vocação presbiteral é “muito mais do que uma mera escolha profissional”, a concretizar no seguimento de Jesus Cristo, que “foi muito além da ordem natural das coisas e do limite espontâneo dos afetos, preferindo os últimos a amando a todos por igual, de coração indiviso”.
“É neste sentido que opção preferencial pelos pobres ou o celibato por amor do Reino os Céus assinalam o que vai além da carne e do sangue. Exigindo conversão permanente, são grande serviço da Igreja ao mundo para que este não se encerre em si mesmo, para que o mundo se converta na matéria do Reino e todo o bem se eternize naquele Amor que nunca acabará”, sublinhou.
Dos sacerdotes hoje ordenados pelo cardeal-patriarca de Lisboa, três são do Seminário dos Olivais (Artur Delgado, Mendo Ataíde e Tomás Castel-Branco) e dois do Seminário Redemptoris Mater (Eduardo López, da Guatemala, e Gonzalo Palácios, de Espanha)
De acordo com as orientações publicadas pela Conferência Episcopal Portuguesa para a celebração do culto público católico no contexto da pandemia Covid-19, no início de maio, a ordenação de sacerdotes e diáconos seguem as “mesmas restrições e condicionamentos da Missa dominical”, com “procedimentos de higienização” quando é necessário o contacto físico, nomeadamente no “gesto de obediência” e no auxílio dos “recém-ordenados a revestir-se com os paramentos da sua ordem”, e que deixa de acontecer na “imposição das mãos” e no “abraço da paz”.
A unção das mãos dos novos sacerdotes também foi feita de forma diferente, com a colocação de um pouco e óleo com uma colher.
Para o padre Alberto Gomes, do Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa, a celebração de ordenações, “como depois os casamentos, batizados e outros sacramentos”, passa por viver os ritos “com mais cuidado” e com uma “redução dos intervenientes”.
A celebração da ordenação de cinco sacerdotes no Mosteiro dos Jerónimos contou com a presença de 50 padres do Presbitério de Lisboa, que representavam as várias regiões e diferentes organismos da diocese.
Fonte: Agência Ecclesia
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