A pandemia do coronavírus obrigou ao confinamento das populações no Paquistão e está a impedir, por isso, que os chamados trabalhadores informais possam desenvolver as suas actividades. Esta situação está a ser dramática para a comunidade cristã, uma das mais pobres do país. A tal ponto que a Igreja Católica fez um pedido de ajuda de emergência à Fundação AIS, pois muitas famílias estão já a passar fome.
Os bispos de Faisalabad, Islamabad Rawalpindi e Lahore apelaram à Ajuda à Igreja que Sofre para um programa de emergência para a distribuição de cabazes alimentares para mais de 5 mil famílias, consideradas como as mais pobres da comunidade.
Estas famílias, que já estavam a viver abaixo do chamado limiar de pobreza, viram a sua situação agravar-se dramaticamente com as medidas impostas pelas autoridades por causa da pandemia do coronavírus. Em resposta a este pedido de emergência, a Fundação AIS aprovou, a nível internacional, um primeiro programa assistencial no valor de 150 mil euros.
“Os cristãos, que representam apenas cerca de 2% da população do país, estão entre os membros mais pobres da sociedade no Paquistão”, recorda Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internaciomal da fundação pontifícia. As restrições às actividades económicas e à mobilidade das pessoas fizeram sublinhar ainda mais a situação terrível em que se encontram tantas famílias cristãs. “Simplesmente, não podemos abandoná-las perante a escolha cruel entre a fome e a doença”, diz Heine-Geldern.
A agravar ainda mais este cenário, diversas organizações não-governamentais e alguns líderes muçulmanos têm-se recusado a distribuir ajuda, nomeadamente alimentos, aos cristãos assim como a membros de outras minorias religiosas paquistanesas.
Esta é uma situação intolerável. “Os programas de ajuda apoiados pelo Estado excluem, em grande medida, as minorias religiosas, que são de facto cidadãos de segunda classe”, afirma ainda o presidente internacional da Fundação AIS, sublinhando que, “infelizmente, a discriminação religiosa não é novidade no Paquistão”. “O que é profundamente preocupante, no entanto, é que, mesmo durante esta crise global, essas minorias estejam claramente em desvantagem.”
Ainda recentemente, a Fundação AIS deu conta de duas denúncias de casos concretos de discriminação da comunidade cristã na distribuição de ajuda de emergência neste país asiático. Joel Amir Sahotra, um antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab, e Cecil Shane Chaudhry, director-executivo da Comissão Nacional de Justiça e Paz do Paquistão, deram voz a situações de discriminação dos cristãos na distribuição de alimentos e também de material de emergência relacionado com o Covid19.
O pedido de ajuda que as dioceses de Faisalabad, Islamabad, Rawalpindi e Lahore fizeram chegar à Fundação AIS mostra como os cristãos são tão duramente relegados para um lugar secundário na estratificação social do Paquistão.
Muitos cristãos não conseguem mais do que trabalhos mal remunerados e duros na limpeza das canalizações, nas obras, por vezes nas cozinhas ou nas limpezas domésticas. São trabalhos sem qualquer segurança.
O simples confinamento imposto pelas autoridades por causa do Covid19 levou esta legião de pessoas para o desemprego imediato. Daí até as famílias cristãs começarem a passar fome foi um passo muito curto.
A agravar este cenário já de si tão dramático, muitos cristãos temem que, mesmo depois de as autoridades permitirem um regresso gradual às actividades económicas, irão ficar ainda sem trabalho por haver o eventual receio de que possam estar infectados com o coronavírus.
Além do apoio a estas cinco mil famílias, a Fundação AIS está também empenhada na ajuda aos sacerdotes e religiosas que continuam a desempenhar a sua missão pastoral junto destes cristãos tão duramente castigados pela pobreza e discriminação.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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