Bispos deixam mensagem de esperança para a Páscoa e o pós-pandemia

A celebração anual da Páscoa do Senhor é o dia por excelência da passagem à vida nova, a festa das festas cristãs. Por isso, o grito da Igreja que nasceu da Páscoa está inundado pela admiração, exultação e alegria: «este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria» (Salmo 117).

O encontro com o Ressuscitado transfigura o coração e é a razão para acolher o precioso dom e o compromisso da fraternidade e do cuidado integral. Infelizmente, pelo segundo ano consecutivo, o anúncio pascal chega em tempo de crise pandémica, que desterra a paz e a felicidade. Da Quaresma à Páscoa é uma grande peregrinação de Esperança.

Todavia, como interpela o Papa Francisco: «Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados. Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta, mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias» (Evangelii Gaudium 6).

Apesar desta situação dolorosa, não deixemos que se extinga a esperança da Páscoa! Sem ela a vida torna-se árida, insuportável, sem sentido. Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança viva. «A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. (…) Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. (…) Esta é a força da ressurreição» (EG 276) que trespassa a nossa vida e a nossa história. Não fiquemos à margem desta esperança viva! Peçamos ao Espírito Santo que «vem em auxílio da nossa fraqueza» (Romanos 8, 26) para fazer brotar em cada um sementes de vida nova.

Nas casas e nas famílias, a mesa é o lugar da partilha do pão e do dom da comunhão. A mesa continua a ser o lugar do dom da Páscoa: mesa da Palavra, mesa da Eucaristia e mesa da caridade fraterna. Aqui acontece o milagre da fraternidade cristã. A mesa com Cristo leva-nos à missão e à proximidade com quantos são atingidos pela pandemia e sofrem nos lares, nos hospitais e nas instituições, pedindo a bênção de Deus e a recuperação da saúde e da esperança. Continuamos a partilhar, igualmente, a dor das famílias que perderam os seus entes queridos, confiando-os aos braços misericordiosos do Ressuscitado, assim como a angústia dos que perderam ou viram substancialmente reduzidos os seus rendimentos necessários a uma vida condigna.

Renovamos a nossa gratidão pela heroicidade e dedicação à dignidade da vida humana: aos profissionais de saúde e de segurança, aos voluntários e a todas pessoas que fazem avançar a história da humanidade nos serviços essenciais e quotidianos ao bem comum.

É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus Cristo vivo, a transformar e a renovar o mundo

O mundo inteiro prepara-se para sair desta pandemia que nunca ninguém pensou que pudesse ter tantas e tão graves consequências para a humanidade. Devemos entender a crise como um desafio à coragem criativa e à confiança crente. Desta crise temos de sair melhores. A todos os irmãos e irmãs, especialmente aos presbíteros, aos diáconos, às pessoas consagradas e às famílias cristãs, encorajamos a renovar as promessas batismais para prosseguirem nos caminhos da reconciliação e da conversão.

O sepulcro aberto proclama a alegria da presença viva e ressuscitada de Cristo e a Igreja pede-Lhe incessantemente: «Fica connosco, Senhor» (Lucas 24,29), para que seja sempre hoje de renovação pascal. Para todos existe a possibilidade de reencontrar a esperança, porque Cristo é a nossa Páscoa (cf. 1Coríntios 5,7) e a nossa paz. A fé, a esperança e a caridade que nascem e renascem da Páscoa frutificam, quando nos tornam mais irmãos e cidadãos mais ativos para se realizar a justiça e a paz, o perdão e o amor.