É um país sob a mira do terror. Para D. Bruno Ateba, Bispo de Maroua-Mokolo, “não passa um dia sem notícias de novos ataques e incursões dos terroristas”. A diocese, situada no norte do país, tem sido palco, de facto, de sucessivos ataques por parte de grupos armados que actuam na região com toda a impunidade e a passando as fronteiras para a Nigéria, Níger e o Chade.
É perante esta ameaça regional que o Bispo de Maroua-Mokolo tenta sensibilizar a comunidade internacional através da Fundação AIS. “O Boko Haram é como os animais do Apocalipse, como uma hidra com muitas cabeças: quando lhe cortam uma, cresce imediatamente outra”, afirmou o prelado em declarações à Ajuda à Igreja que Sofre, acrescentando que as populações sentem-se cada vez mais impotentes perante a crescente actividade deste grupo terrorista islâmico.
Os ataques do Boko Haram têm-se caracterizado por actos de extrema violência. Como diz D. Ateba, “os sequestros e execuções dos camponeses levaram a um verdadeiro reino de terror”. O brutal assassinato de 10 cristãos no norte da Nigéria, na altura do Natal, que os jihadistas gravaram num vídeo, veio acrescentar ainda mais medo e preocupação às populações locais. A divulgação do vídeo com a decapitação dos dez cristãos alarmou a comunidade. “Depois da difusão do vídeo”, diz D. Bruno Ateba, “o horror ressurgiu no norte dos Camarões.”
Na região norte do país sente-se mais a ameaça. “Na minha diocese”, explica o Bispo à Fundação AIS, “houve 13 ataques nas últimas semanas. Uma igreja foi incendiada no dia da Epifania. Ainda estamos a investigar, mas as provas indicam que se tratou de um ataque terrorista.”
Outras dioceses têm experimentado o mesmo horror. É o caso de Yaouga. O Bispo local, D. Barthélemy Yaouda Hourgo, explica que a devastação é brutal nesta região situada perto da fronteira com a Nigéria.
O relato do bispo impressiona. “Bablim, a minha aldeia natal, já não existe. Os terroristas mataram um jovem da minha família e devastaram completamente toda a aldeia, incluindo a casa onde nasci. Todos, excepto os doentes e idosos, foram forçados a fugir para o centro próximo de Mora, a 17 quilómetros.”
A fuga das populações é outro sinal evidente da violência que tem atingido esta zona dos Camarões e da ineficácia das forças de segurança na prevenção de mais ataques. Calcula-se que mais de 270 mil pessoas tenham abandonado as suas casas e aldeias por causa dos ataques do Boko Haram. Só no ano passado terão sido assassinadas mais de uma centena de pessoas.
E, tudo o indica, este reino de terror não vai abrandar nos tempos mais próximos. Para D. Ateba, é também alarmante a forma como os jovens se têm deixado aliciar pelos grupos extremistas. “A pobreza, a insegurança e a falta de perspectivas futuras tornam os nossos jovens alvos fáceis de serem manipulados pelos jihadistas”, afirma o prelado.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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