O bispo da Diocese de Leiria-Fátima mostrou-se “agradavelmente surpreendido” com as mudanças que o Papa promove na relação da Igreja com as famílias, na sua nova exortação ‘A Alegria do Amor’.
“O Papa Francisco, de modo genial, introduziu uma mudança da disciplina sem pôr em causa a doutrina sobre o matrimónio e a família”, disse D. António Marto, em declarações ao jornal ‘Presente Leiria-Fátima’, enviadas hoje à Agência ECCLESIA.
O Papa publicou na sexta-feira a sua nova exortação apostólica sobre a Família, uma reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo.
D. António Marto, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que Francisco “inova desde logo no estilo, na abordagem e na linguagem, que vão mais longe do que uma abordagem meramente abstrata e moralista”.
“Isso percebe-se logo no título: trata-se de dar testemunho da beleza e da alegria do amor em família”, precisa.
O prelado aborda a situação dos divorciados civilmente recasados, para quem não foi possível a declaração de nulidade por parte da Igreja Católica.
O Papa não estabelece uma “regra geral”, mas “propõe percursos (itinerários) personalizados de discernimento pessoal (caso a caso) e pastoral, com vários momentos, para a melhor integração na vida da comunidade com a ajuda da Igreja”.
“Aqui o Papa abre mesmo uma janela para a possibilidade da ‘ajuda dos sacramentos’ da Reconciliação e da Eucaristia em certos casos”, realça D. António Marto.
O responsável elogia a “linguagem direta, simples e envolvente” da exortação pós-sinodal, que se dirige às “famílias concretas, imperfeitas, frágeis, mas extraordinárias”.
Em particular, o bispo de Leiria-Fátima alude a uma “mudança do olhar e da atitude pastoral da Igreja relativamente às situações familiares complexas”, que devem ser tratadas com “a lógica da misericórdia pastoral”.
“Trata-se do acompanhamento pastoral próximo, compreensivo, realista, encarnado, em ordem a uma maior integração na comunidade cristã, de modo que ninguém se sinta excomungado ou excluído. As palavras-chave são: acompanhar, discernir, integrar a fragilidade”, elenca.
O bispo fala da ‘Alegria do Amor’ como uma “Magna Carta da pastoral familiar para o futuro”.
O Papa, acrescenta, deixa o desafio de uma “conversão pastoral” que se traduza numa “maneira nova de ser pastores por parte de padres e bispos”.
Fonte: Agência Ecclesia
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