«Exigimos que eles sejam fermento de futuro, mas discriminamo-los e condenamo-los a bater a portas que permanecem fechadas», realça o cardeal D. António Marto
O bispo de Leiria-Fátima salienta na sua mensagem para o Natal deste ano a urgência de olhar para a situação dos muitos jovens que têm um futuro incerto na sociedade.
D. António Marto recorda que “não se pode falar de futuro sem contemplar estes rostos jovens” e aponta mesmo para “uma dívida” que a sociedade tem “para com eles”.
“Criamos uma cultura que, por um lado, idolatra a juventude procurando torná-la eterna, mas por outro, paradoxalmente, condenamos os nossos jovens a não possuir um espaço de real inserção, porque lentamente os fomos marginalizando da vida pública”, realça o cardeal português.
D. António Marto lembra os muitos jovens que foram ou estão a ser obrigados “a emigrar ou a mendigar ocupação que não existe, ou que não lhes permite projetar o amanhã”.
“Esperamos deles e exigimos que sejam fermento de futuro, mas discriminamo-los e condenamo-los a bater a portas que, na maioria delas, permanecem fechadas”, frisa o bispo de Leiria-Fátima, que apela a um novo “compromisso” social, que “ajude os jovens a encontrarem horizontes concretos” para a sua vida.
“Contemplar o presépio desafia-nos a ajudar os nossos jovens para não ficarem desiludidos à vista das nossas imaturidades, e a estimulá-los para que sejam capazes de sonhar e lutar pelos seus sonhos; capazes de crescer e tornar-se pais e mães do nosso povo”, sustenta o prelado, que chama a atenção para a importância do contributo dos mais velhos.
“Não podemos deixar os jovens sozinhos. Correm o risco de ficarem fechados no mundo das relações virtuais, desenraizados, sem as raízes vitais da carne e do sangue, de histórias e de experiências ricas de amor. Há que recordar-lhes que uma vida sem amor é uma vida árida”, escreve D. António Marto.
O tempo de Natal, lembra o cardeal, é também uma época privilegiada para a família, para a relação entre as gerações, e “são belos o encorajamento e a memória rica de vida que um idoso consegue comunicar a um jovem à busca de sentido da vida”.
“Esta tem sido a missão de muitos avós neste tempo de crise, mesmo ao nível da fé. Em muitas famílias são eles que transmitem a fé através de testemunhos vividos. Caros idosos e caros jovens, caros avós e netos, não deixeis perder a beleza e o encanto da ternura nas vossas famílias e na sociedade!”, exorta aquele responsável católico.
O bispo de Leiria-Fátima conclui a sua mensagem para o Natal 2018 com uma palavra especial para “os mais frágeis e vulneráveis” da sociedade, “os sós, os doentes, os presos, os descartados”, que precisam de “ternura, proximidade, partilha e solidariedade”.
“Quem não vê a atualidade deste aspeto do Natal e como é interpelador para nós hoje?”, questiona D. António Marto, que pede de modo particular a participação das comunidades católicas na campanha solidária ‘10 Milhões de Estrelas – Um gesto pela paz’, que como habitualmente a Cáritas Portuguesa promove nesta quadra natalícia.
Este ano cada português é novamente convidado a comprar uma vela (1 euro por unidade) e a colocá-la acesa junto à janela, na noite de Natal.
As verbas recolhidas vão reverter a favor de todos quantos passam por dificuldades, nas várias dioceses do país, e no plano internacional vão servir para apoiar as comunidades da Venezuela, que enfrentam a pior crise económica e social de que há memória, e onde estão também muitos emigrantes portugueses.
D. António Marto sublinha a relevância desta campanha a favor da Venezuela, por exemplo para “garantir o acesso das pessoas à saúde” e também “apoio nutricional a crianças até aos 5 anos e a mulheres em situação de gravidez de risco”.
“Como dizia Madre Teresa de Calcutá, é Natal cada vez que sorrio ao meu irmão e lhe ofereço a minha mão. Que ninguém fique indiferente”, conclui o bispo de Leiria-Fátima.
Fonte: Agência Ecclesia
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