Bispo de Leiria-Fátima apela à abolição da pena de morte

O Bispo de Leiria-Fátima apelou à “abolição” da pena de morte em todo o mundo, enquadrando esta decisão na celebração do ano santo extraordinário, o Jubileu da misericórdia, em defesa de uma cultura de “respeito pela vida”.

Na homília da Missa dominical, de regresso ao Recinto da Oração,  e que constituiu um dos momentos mais marcantes da peregrinação diocesana de Leiria-Fátima ao Santuário da Cova da Iria, que se realiza este domingo, o bispo diocesano sublinhou, citando o Papa Francisco, que  “o Jubileu extraordinário da Misericórdia é uma ocasião propícia para promover no mundo formas cada vez mais maduras de respeito da vida e da dignidade de cada pessoa. Também o criminoso mantém o direito inviolável à vida, dom de Deus”.

Tendo presente o evangelho deste domingo sobre a mulher adúltera condenada à morte pelos acusadores e salva por Jesus, D. António Marto fez “eco do apelo” do Papa, no passado dia 21 de fevereiro, pedindo aos governantes de todo o mundo que cheguem a um consenso internacional sobre o fim da pena capital.

Na homília assente na “Coragem da Misericórdia”, afirma que o que “falta ao mundo de hoje é a experiência concreta da misericórdia”,  lembrando que a sociedade “tem necessidade das obras de misericórdia na própria vida social”.

D. António Marto convidou todos os cristãos e “homens de boa vontade” não só a “comprometerem-se pela abolição da pena de morte, mas também a melhorar as condições carcerárias, no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas da liberdade”.

“Eis uma actualização da obra de misericórdia `visitar os presos´”, precisou.

D. António Marto sublinhou, por outro lado, a missão da igreja e dos cristãos “que não estão no mundo para condenar” mas para permitir “o encontro  com aquele amor entranhado que é a misericórdia de Deus”.

“Se as pessoas se sentem condenadas à partida, nós não estamos a transmitir a mensagem evangélica” disse o Bispo de Leiria-Fátima.

Recordando uma vez mais o Papa Francisco, afirmou ser “inútil abrir todas as portas santas de todas as basílicas do mundo se a porta do nosso coração está fechada ao amor, se as nossas mãos estão fechadas para dar, se as nossas casas estão fechadas para oferecer hospitalidade, se as nossas igrejas estão fechadas para acolher”.

A misericórdia, destacou, “abre o nosso coração às necessidades e à miséria dos outros, aos problemas escondidos, à pobreza material e a todo o sofrimento: de uma criança que sofre, de uma família em dificuldade, de um sem abrigo, de um jovem que não encontra sentido para a vida, de um idoso na solidão, esquecido e sem reconhecimento, de um refugiado sem apoio solidário”.

O prelado interpelou os diocesanos participantes na celebração a acolher “com delicadeza” e a dar a conhecer “a vida boa do evangelho” em vez do “deserto da cultura da indiferença e da aridez dos corações” que hoje se vive. E apontou o Evangelho deste domingo como uma inspiração para essa atitude.

Para o bispo de Leiria-Fátima o diálogo entre Jesus e a mulher adúltera revela “a grandeza e a beleza inenarráveis e indizíveis da ternura e da misericórdia do Senhor”.

“Jesus restituiu à adúltera a beleza perdida da sua vida: salvou-a como mulher, na sua dignidade de pessoa, na sua humanidade, na sua feminilidade, na verdade do seu amor esponsal, na verdade sua relação a Deus e  aos outros” acrescentou ainda o prelado.

D. António Marto saudou os diocesanos que vieram “a casa de Maria em forma de recinto”, numa peregrinação “de confiança na misericórdia divina”.

Nesta celebração participaram todas as comunidades paroquiais da diocese, representadas pelos respetivos estandartes, que formaram uma “coroa” à volta de Nossa Senhora. Entre os peregrinos diocesanos estavam cerca de 1700 escuteiros que este ano abriram novos caminhos de peregrinação – “Caminhos de Maria”- que são “um sinal de fé na presença constante de Nossa Senhora”, disse.

O bispo de Leiria-Fátima lembrou, também, o 3º aniversário do pontificado do Papa, “três anos fascinantes e cheios da alegria do evangelho e de dinamismo de renovação para a Igreja e o mundo”.

“Daqui de Fátima enviamos-lhe uma saudação cheia de afeto e de gratidão pelo anúncio da misericórdia como coração do seu pontificado e da missão da Igreja”, disse o prelado, pedindo no final da celebração, uma oração especial para que o Papa “nos visite no próximo ano”.

A 85ª peregrinação diocesana ao Santuário de Fátima começou às 9h00 com uma via sacra, seguida do rosário e da saudação a Nossa senhora pelas 10h00. As 11h00 foi celebrada a Eucaristia e após o almoço convívio, a partir das 15h00 são oferecidas três propostas: visita guiada à exposição “Terra e Céu –  Peregrinos e santos de Fátima”, Filme sobre as aparições do Anjo ou Encenação “Maria”, pelo do Colégio de S. Miguel, todas no Centro Pastoral de Paulo VI. A 85ª peregrinação diocesana termina pelas 16h45 com a celebração do adeus e consagração a Nossa Senhora, na Capelinha.

Na Eucaristia, que marca o regresso das celebrações dominicais ao Recinto de Oração,  participaram cerca de 35 mil peregrinos, entre eles 1700 escuteiros desta diocese e alunos de três escolas de Educação Moral e Religiosa Católica de Santarém, bem como um grupo de peregrinos de Itália.

Foi feito ainda o envio para as missões de Joaquim Santos, da paróquia das Colmeias, diocese de Leiria-Fátima.

Fonte: fatima.pt