Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência promoveu um debate para ouvir as famílias e alerta para a necessidade de um «movimento de acolhimento» nas paróquias
A responsável pelo Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD) afirmou que as famílias de crianças e jovens com necessidades educativas especiais precisam de apoio, alertou para o isolamento e fragilidade crescente desta população, que precisa de acolhimento nas paróquias.
Isabel Vale disse que as pessoas com deficiência ficam com a sensação de “ter menos capacidades” por causa do prolongado isolamento social e porque há uma diminuição dos apoios e do enquadramento social de mulheres e homens com hábitos e rotinas específicos.
A responsável pelo SPPD lembrou a necessidade de apoio às famílias que acompanham “a tempo inteiro”, em suas casas, crianças e jovens com necessidades educativas especiais, uma vez que os centros de atividade ocupacional estão fechados ou com menor número de pessoas.
“Esta questão da sociedade não acompanhar e não poder acompanhar as pessoas com deficiência deixa as famílias e os próprios isolados”, afirmou Isabel Vale, acrescentando que os ambientes da Igreja devem ser marcados pelo acolhimento.
Para Isabel Vale, “as paróquias precisam de ter alguém que seja capaz de ouvir e acolher uma pessoa com deficiência” e sobretudo as famílias.
“Tem de haver um movimento de reconhecimento de nós cristãos de que todas as pessoas são nossos irmãos. As pessoas com deficiência têm habitualmente um contacto muito próximo, afetivo, e, se não houver quem se aproxime, ficam isolados”, afirmou.
Na última semana, o SPPD promoveu um encontro online sobre o tema «Pessoas com deficiência e Covid-19 – Cuidadas ou esquecidas?», onde participaram cerca de 80 pessoas, que partiharam as suas situações.
Neste encontro, Guilherme d’Oliveira Martins, que valorizou a partilha de experiências entre famílias, professores e educadores, disse que é necessário “garantir que não haja indiferença”.
“Ao falarmos de pessoas com deficiência estamos a falar de imperfeições, que todos temos”, afirmou o jurista, referindo também que todas as pessoas têm “algo para dar” aos outros.
O administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian sublinhou a necessidade de valorizar o desporto para pessoas com deficiência, garantir as acessibilidades e a Língua Gestual Portuguesa nos vários contextos comunicativos, também o televisivo.
“Os direitos das pessoas com deficiência são os nossos próprios direitos porque todos temos uma pequena ou grande deficiência”, afirmou.
O encontro contou com a presença de professores, educadores e psicólogos e foi encerrado por D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, onde se integra o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência.
Para o bispo de Santarém, não está em causa apenas a garantia dos direitos de cidadãos como todos os outros, antes a descoberta do “benefício, o bem que as pessoas com deficiência” fazem à sociedade.
“É com as pessoas com deficiência que o mundo há de ser mais justo e melhor”, afirmou.
“Há um carisma em cada pessoas com deficiência”, acrescentou D. José Traquina.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana agradeceu a “insistência” do SPPD na atenção às pessoas com deficiência, lembrando que elas “obrigam a que a dimensão da bondade exista”.
Fonte: Agência Ecclesia
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