“As flores não se movem para encontrar os raios do sol. Deus as torna férteis onde quer que estejam” (do filme “Dos Homens e dos Deuses”). Esta frase deixou-me a refletir sobre o seu significado. Quando a ouvi algo dentro de mim estremeceu de esperança.
Realmente, as flores quando nascem não sabem se irão ter sol ou chuva suficiente para mostrarem a sua total beleza, pois muitos fatores poderão interferir e tornar-se um obstáculo aos raios do sol, ou às gotas da chuva. No entanto, elas não deixam de nascer e crescer.
Por serem flores, é claro, que não se podem deslocar mais para a esquerda ou direita, nem mais para trás ou para a frente, com o intuito de chegar aos raios de sol ou às gotas de água, no entanto, Deus fê-las nascer e elas precisam confiar que nada lhes faltará, para brilharem e serem esplendorosas, com a sua beleza inigualável!
Deus criou-nos para sermos a mais bela flor, para mostrarmos toda a nossa beleza interior e que esta brilhe de tal forma que, quem esteja ao nosso redor, não só veja esse brilho especial, mas, de igual modo, se sinta cercado e embrenhado nesse brilho caloroso e se sinta em comunhão com o Seu Pai!
O que é que acontece com as flores, visto que não se podem deslocar para um melhor sítio, um terreno mais fértil, com o intuito de crescerem mais e mais? Deus arranja forma de as tornar férteis “onde quer que estejam”, isto é, mesmo não tendo tudo o que precisam não deixam de cumprir o seu objetivo: não deixam de ser belas! Porém, podemos dizer que existem “diversos tipos de flores”, por exemplo, as que se conformam com a sua situação, resignam-se à sua condição e pensam “não estou num terreno fértil, porque Deus não quis, portanto não posso dar mais de mim!”; e as que, mesmo percebendo que não foram favorecidas com um terreno fértil, farão o seu melhor, esperando e confiando no propósito de Deus, e pensam “bem, este não é o melhor terreno para eu mostrar toda a minha beleza, mas darei o meu melhor e Deus fará o resto!”
E eu, qual deste tipo de flor sou? Resigno-me com o “terreno” onde estou e não dou o melhor de mim? Ou sou lutador e não paro nesses obstáculos, tento, de todas as formas, dar o brilho, mais lindo, que posso, confiante que Deus fará o resto?
Se Deus faz isto com uma simples flor, o que fará por nós, que somos seus filhos? O que fará por mim e por si, que nos criou com um amor extremo?
Compreendemos, assim, que a esperança precisa reinar em nós. Precisamos nos preocupar com o que está ao nosso alcance realizar, modificar, mas sem medos paralisantes ou resignações à condição que temos e parar. Não podemos antecipar as situações e ficar com receio, do que acontecerá, porque não vou ter acesso aquele “raio de sol” que, supostamente, me iria fazer brilhar no meu sonho! “Assim já não vou ter oportunidade para alcançar o emprego dos meus sonhos!”, “Ai! Como vou conseguir encontrar um bom homem para mim aqui?!”, “não consigo sobreviver nesta casa/família/escola/trabalho!”, “com a saúde que tenho nada serei capaz de fazer” e muitas outras preocupações, que nos tiram a paz e nos desanimam.
Calma! “As flores não se movem para encontrar os raios do sol”, como sobrevivem? “Deus as torna férteis onde quer que estejam.” Deus quer-te aí! Sim, nesse lugar que estás agora: nessa caminhada, nesse trabalho, nessa sala, nessa casa, nessa cidade, nesse país; com essas condições, que tens neste momento: saúde/doença, tranquilidade/confusão, emprego/desemprego, família/sozinho, … Porque é Ele que te vai tornar fértil! Não é o sol, é Deus!
Liberta-te dos teus conceitos e preconceitos e deixa-te ser guiado por Deus, que te criou, gerou e quer-te feliz, mais que ninguém, e tem um plano para a tua vida! Não temas, mesmo que penses que esse lugar não é para ti, que não serás feliz! Calma! Deus vai tornar esse solo fértil, nem que seja só para ti!
Ver artigo anterior:
O Advento e o “Regador de Deus”
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023