Ano sem arraiais nem marchas de Santo António é desafio para conhecer melhor o religioso franciscano, doutor da Igreja

Programa conta com celebrações religiosas e culturais para divulgar obra e culto a um santo popular, mas nem sempre conhecido

As celebrações populares do Santo António vão ter este ano alterações provocadas pela pandemia de Covid-19, num ano sem arraiais nem marchas em que o centro será a figura do franciscano português, doutor da Igreja.

A Igreja de Santo António de Lisboa apresenta um programa com várias celebrações e iniciativas para ficar a conhecer melhor o santo português: desde 30 de maio a 12 de junho, às 11h00 e às 17h00, é celebrada a Missa, com o andor à porta do local de culto.

No dia 13 de junho, dia principal das celebrações, a Missa festiva vai decorrer às 12h00 e será presidida por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, seguida da bênção à cidade, a Portugal e ao Mundo com a relíquia do santo; nesse mesmo dia, às 11h00 e às 17h00, estão previstas as Missas com Responsório de Santo António, que também terminarão com a bênção final com a relíquia do santo lisboeta.

Todas as celebrações vão ser transmitidas em direto, através do site www.pscp.tv/stoantoniolisboa.

A organização pede às pessoas que não se podem deslocar à Igreja de Santo António e que queiram obter o ‘Pão de Santo António’ que façam o pedido através do email stoantoniolisboa@gmail.com.

A Igreja de Santo António apela à ajuda de todos os fiéis, através de donativos que podem ser feitos via PayPal.

Pedro Teotónio Pereira, diretor do Museu de Santo António, refere que o santo “está no coração das pessoas” e que a festa “é um sinal exterior desta devoção”.

“Este não há festa, não há esta celebração comunitária, mas interiormente cada pessoa tem a sua devoção e vai celebrá-la de alguma forma”, acrescenta.

É quase como se houvesse dois santos Antónios: um religioso, devocional; outro popular, quase profano. Este ano é um ano mais de introspeção e em que a pessoa pode refletir sobre a importância de Santo António, doutor da Igreja, o único português”.

Por causa da pandemia, o tradicional concurso dos tronos alargou-se este ano a todo o país, acontecendo online.

No dia 9 de junho, às 18h00, vai decorrer uma conferência de Maria Adelina Amorim sobre Santo António, que será transmitida nas páginas de Facebook da Igreja de Santo António e do Museu de Santo António, sobre a devoção a esta figura em Portugal e no Brasil

O museu apresenta ainda a exposição ‘A Procissão De Santo António’, uma visão sobre o cortejo atual representado em mais de 300 peças da autoria dos Irmãos Baraça, família associada ao figurado de Barcelos.

Outra experiência é um  arraial gravado em 2019, em 360 graus.

“Não tem o cheiro das sardinhas, mas tem a experiência da movimentação das pessoas”, observa Pedro Teotónio Pereira.

A programação para “Os dias de Santo António”, de 9 a 13 de junho, inclui ainda uma exposição virtual, com peças de colecionadores.

Santo António nasceu em Lisboa, em 1195, numa casa situada a poucos metros da catedral; entrou no mosteiro agostiniano de São Vicente, onde viveu durante dois anos antes de integrar a comunidade de Coimbra.

Em setembro de 1220, Fernando deixou os agostinianos para integrar a ordem dos franciscanos, onde assumiu o nome de António, pelo qual é hoje conhecido.

Na Itália, destacou-se como pregador e primeiro professor de Teologia da ordem franciscana recém nascida; faleceu em 1231 e foi sepultado em Pádua, tendo a sua fama de santidade levado o Papa Gregório IX a canonizá-lo, a 30 de maio de 1232.

Em 1946, Pio XII proclamou-o como “doutor da igreja universal”, com o título de ‘Doctor Evangelicus’ (Doutor Evangélico).

Fonte: Agência Ecclesia