Agravamento da situação exige restringir ao máximo qualquer ocasião de contágio, afirma Presidente da Conferência Episcopal

D. José Ornelas pede «seriedade e responsabilidade» nos comportamentos, «renunciando ao que «é preciso renunciar»

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que as comunidades católicas querem “colaborar ativamente” com toda a sociedade para superar o “pico” da crise pandémica e “inverter a curva ascendente” de contágios e mortes por Covid-19.

“É uma situação que está a evoluir todos os dias, em cada dia tem uma nova dimensão. Nós vamos acompanhando-a em diálogo com os bispos, ainda esta manhã estivemos em contacto com todos, para ver como estão essas situações”, referiu D. José Ornelas.

O bispo de Setúbal assinala que a CEP deverá fazer um novo pronunciamento “na próxima semana”, quando o Governo “introduzir novas medidas”, que devem “exigir um esforço muito maior” de todos.

“Como Igreja, tomamos as nossas providências e adaptamos o nosso modo de estar, de funcionar”, acrescenta.

Na última quinta-feira, a CEP tinha determinado a suspensão ou adiamento das celebrações de Batismos, Crismas e Matrimónios, face à “gravíssima situação” provocada pela pandemia.

“Estamos conscientes da gravíssima situação de pandemia que vivemos neste momento, a exigir de todos nós acrescida responsabilidade e solidariedade no seu combate, contribuindo para superar a crise com todo o empenho”, indicaram os bispos católicos, em nota enviada.

D. José Ornelas destaca que “o básico das orientações” está contido nessa nota, onde a CEP destaca que, tendo em conta as orientações governamentais decretadas para o confinamento que se inicia a 15 de janeiro, as comunidades católicas podem prosseguir “as celebrações litúrgicas, nomeadamente a Eucaristia e as Exéquias”, segundo as diretivas publicadas a 8 de maio de 2020 em coordenação com a Direção Geral da Saúde (DGS).

“Estamos a adaptar, em cada situação, as formas de atuação nas nossas igrejas, nos nossos movimentos e eventos pastorais, para restringir ao máximo aquilo que possa ser ocasião de contágio”, observa o presidente da CEP.

Para o bispo de Setúbal, é importante fazer todos os possíveis para voltar a “uma normalidade maior”

“É importante que nos empenhemos, com seriedade e responsabilidade, nos nossos comportamentos, renunciando àquilo que é preciso renunciar. Não estamos a sair nem vamos sair desta situação sem sacrifício, sem esforço, sem contenção”, aponta.

O responsável católico lamenta que muitas pessoas “não tenham entendido isso”.

“Antes de mais, temos de tomar conta. É importante que todos o façamos, como pessoas, como famílias, como instituições: tomar verdadeiramente conta da gravidade da situação que vivemos”, sustenta.

O presidente da CEP admite que “ninguém previa a enormidade que está a ser, neste momento, o aumento dos contágios no país e o que isso significa de pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde”.

“Quando dizemos que prezamos a vida como valor essencial, sobre o qual se apoiam todos os outros valores – porque é o dom fundamental que recebemos de Deus, é o dom da vida -, evidentemente se isto é importante como cidadãos, de um ponto de vista de um cidadão que tem fé, ainda ganha nova importância”, acrescenta.

Esse valor, observa o bispo de Setúbal, “não pode ser, de modo nenhum, subjugado por outros valores, mas deve ser conjugado com eles”, porque a vida, para os católicos, “não é simplesmente uma vida biológica”.

O primeiro-ministro português, António Costa, anunciou a 13 de janeiro um novo confinamento, que permite a celebração de cerimónias religiosas, de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde.

O boletim diário da DGS indica que, nas últimas 24 horas, se registou um número recorde de 219 mortes e 14 647 novos casos de Covid-19.

Fonte: Agência Ecclesia