É possível assumir a postura de católico dentro da universidade
Todo jovem pensa no seu futuro e na profissão que melhor o realizará. Hoje, o mercado de trabalho é bem concorrido e os que conseguem um futuro promissor são os mais capacitados. Por isso, o número de jovens nas universidades tem aumentado. Mas não são todas as universidades que possuem uma busca sincera pela verdade; o católico, nesse contexto, sente comprometida sua postura. O que fazer?
A Igreja aprecia a contribuição da ciência para a humanidade. Papa Francisco diz que “a Igreja não pretende deter o progresso admirável das ciências. Pelo contrário, alegra-se e inclusivamente desfruta reconhecendo o enorme potencial que Deus deu à mente humana. Portanto, é preciso ser humilde e ouvir o que as diversas ciências têm para ensinar nas universidades. Certa vez, ouvi que sábio não é aquele que sabe tudo, mas aquele que se coloca sempre como aprendiz”.
Santo Tomás de Aquino afirmava: “A luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus”. É preciso não criar preconceitos, pois, uma vez que este se estabelece, torna-se mais difícil o diálogo. Não é o desprezo, mas o diálogo que abre novos horizontes enriquecedores para a sociedade.
Existe o medo de os jovens católicos nas universidades perderem a fé, porém, alimentá-la pela oração é um meio de mantê-la viva. Os estudos devem proporcionar que o jovem busque mais as razões da sua fé. Ainda que seja difícil, a ciência questionar sua fé é saudável, desde que ela não tenha a pretensão de ser absoluta. Nesse caso, “não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso”, afirma o Papa Francisco.
Postura autêntica do católico
É difícil assumir a postura de católico dentro das universidades. Muitos têm medo da perseguição e assumem uma postura relativista. Mas a postura do cristão deve ser autêntica, pois, mesmo sem perceber, a evangelização acontece, porque há um compromisso com a verdade. Não existe verdadeiro cristão ausente da perseguição.
Vale a pena recordar o interessante diálogo autêntico entre o filósofo Jürgen Habermas e o Papa emérito Bento XVI, quando ainda era cardeal. Dentre os vários pontos abordados, Ratzinger afirma que o encontro com Cristo é redenção por ser performativa e não informativa, isto é, conhecer Cristo leva à transformação, pois se tem esperança. A partir da compreensão performativa da fé, expressa-se na própria fé uma razão, que se manifesta no testemunho do cristão e que pode ser apreendida pelo ateu. Além do mais, afirma Ratzinger, a razão e a fé são chamadas a se purificarem e curarem mutuamente de suas patologias, é necessário que reconheçam o fato de que uma precisa da outra.
A Igreja pede, na Exortação Apostólica Chistifideles Laici, a presença do católico na universidade, pois tal “presença tem como finalidade não só o reconhecimento e a eventual purificação dos elementos da cultura existente, criticamente avaliados, mas também a sua elevação, graças ao contributo das originais riquezas do Evangelho e da fé cristã”.
Enfim, o jovem católico deve ser capaz de assumir e viver sua fé mesmo em ambientes diversos, como na universidade. Para isso, pode ser grande suporte os Grupos de Oração Universitário (GOU). Hoje, é mais inteligente o diálogo através do testemunho acompanhado de uma honesta abertura ao outro. A fé e a ciência dialogam por intermédio da razão, referência comum para as duas. Vale a célebre frase de São Paulo para o jovem católico universitário: “Examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Tes 5, 21).
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