Por meio da palavra de profecia, o próprio Deus nos fala, às vezes, consolando-nos; outras vezes, exortando-nos ou repreendendo-nos
A palavra de profecia é um dom do Espírito Santo pelo qual, por meio de uma pessoa que fala, Deus exerce o seu poder. O Senhor mesmo põe a Sua Palavra cheia de sabedoria, de força e vida na boca de Seus profetas. Deus manda dizer, o profeta fala e a Palavra, por uma força do alto, realiza o que foi anunciado.
A palavra que sai da boca de Deus arranca e demole, arruína e destrói, mas faz isso sempre para edificar, construir e plantar algo novo e melhor. Depois da palavra de profecia, sempre brota a esperança de uma vida nova, pois assim o próprio Senhor declara: “Vou fazer reentrar em vós o sopro da vida para vos fazer reviver” (Ez 37,5).
Deus cura os enfermos
Ainda hoje, quando se fala do carisma de profecia, é fácil perceber que muitas pessoas não o conhecem. E quando o conhecem, têm muitas dúvidas a seu respeito. Não sabem do que se trata exatamente e chegam a confundir profecia com predições do futuro.
Entre os primeiros cristãos, porém, isso era bem diferente. Apesar de saberem que a sua profecia era limitada e imperfeita (cf. I Cor 13,9), eles conheciam muito bem esse carisma e tinham a certeza de que era inspirado por Deus. Podemos dizer que conheciam. porque eles possuíam, viviam, experimentavam e aplicavam esse dom em todos os dias da vida deles. Eram homens e mulheres simples, mas cheios de uma grande intimidade com Deus.
Sua experiência carismática era tão intensa, que São Paulo precisou intervir para ensiná-los a aproveitar melhor as graças tão abundantes que Deus derramava sobre eles.
Não lhes falta dom algum
Suas reuniões de oração eram famosas, pois eram alegres, animadas e cheias de vida. No entanto, se falarmos da nossa comunidade, das nossas reuniões de oração, o que podemos dizer sobre o dom da profecia? São Paulo, diante daqueles homens e mulheres de Corinto, inflamados pelo Espírito, chegou a dizer: “..não lhes falta dom algum”. Eram tantos os que possuíam esse carisma, que Paulo determinou: “Quanto aos profetas, falem dois ou três, e os outros julguem” (I Cor 14,29).
Nas comunidades de hoje, contudo, as pessoas pouco conhecem esse dom. E, às vezes, aqueles que o conhecem na teoria não têm coragem de colocá-lo em prática, por vergonha ou medo.
Alguns não o fazem, porque se acham indignos, e, por essa razão, o grupo de oração, a paróquia, a Igreja ficam privados de um carisma vigoroso, que enraíza, edifica e firma a comunidade em Deus.
Como saber que Deus está nos dando uma palavra de profecia
O Espírito Santo gosta de derramar o carisma da palavra de profecia quando as pessoas estão reunidas em oração. E como isso se dá? Normalmente, depois de um fecundo momento de louvor, um silêncio de adoração cai sobre todos os que estão reunidos.
Em dado momento, uma dentre as pessoas se sente impulsionada pelo Espírito Santo a dizer alguma coisa da parte de Deus (cf. II Pd 1,21). Sente um movimento e uma unção diferente em seus pensamentos e sentimentos.
Percebe-se como que inundada em suas palavras por um vigor e uma convicção que superam sua capacidade.
A pessoa reconhece que se trata de uma inspiração, um toque de Deus. Compreende isso por meio de um sentimento intenso que a envolve e de uma coragem extraordinária, cheia de certeza, que reconhece não serem originadas dela mesma.
Então, quando abre a boca para proclamar a mensagem que Deus lhe dá, sua palavra se torna mais firme, cortante e eficaz. Experimenta ainda um lampejo do vigor e do assombro que todos sentiam quando Jesus falava. E não se trata de uma coisa programada, pois quem profetiza não formula em seus pensamentos o que dirá, as palavras simplesmente vêem a seus lábios. Transmite a mensagem em primeira pessoa, com segurança e firmeza, sem qualquer sinal de medo ou dúvida (lembrando que o “eu” aqui não é o da pessoa que fala, mas o do próprio Deus).
A profecia chega aos poucos
Encontrei uma pessoa que, há muitos anos, exerce o dom de profetizar e lhe perguntei: “Como a profecia chega ao seu coração?”. “Chega aos poucos”, respondeu-me. “A frase não vem pronta. As palavras surgem por inspiração uma após a outra.
Às vezes, Deus me dá uma ou duas palavras e, só depois que eu as falo, é que aparecem as outras.
No momento em que começo a dizer a profecia, não tenho a menor ideia do rumo que a mensagem tomará, mas é emocionante ver como Deus revela e renova as coisas por meio desse dom”.
O mais interessante é que pessoas muito simples e tímidas, que jamais ousariam falar em público, também profetizam. Levantam a voz com autoridade e dizem coisas verdadeiramente audaciosas.
Alguns contam que nem mesmo eles sabem de onde vem a coragem para tanto, ou melhor, sabem que veio de Deus.
O Espírito Santo abrasa os sentimentos e o desejo de profetizar
Quando a pessoa profetiza, ela não muda de voz, mas sofre influência no seu jeito de falar. O Espírito Santo não abrasa apenas as palavras, mas também os sentimentos e os desejos do profeta. Por exemplo, se ele fala de salvação, experimenta uma alegria inabalável, fala com tanta ternura, que os seus olhos se enchem de lágrimas, sente-se como se Deus mesmo tivesse feito dele o seu porta-voz para o mundo inteiro: “Farei de ti o servo que está a meu serviço e serás como a minha boca” (cf. Jr 15,19).
Percebe-se inflamado de um zelo tão grande pela salvação das almas, que, de bom grado, enfrentaria o inferno inteiro para que ninguém se perdesse. Se fala do consolo de Deus, sente no coração uma profunda compaixão, e é tomado de grande amor pela pessoa que sofre, de maneira que até mesmo desejaria estar em seu lugar para aliviá-la de suas dores.
(Artigo extraído do livro: “O dom de profecia”)
Fonte: cancaonova.com
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