A origem do Rosário, segundo a tradição, está no costume dos antigos monges, de fazer suas preces, contando-as com o uso dos dedos das mãos ou mediante pedrinhas ou grãos. Na Idade Média (séculos X-XII), os fiéis costumavam rezar vários “Pais-Nossos” ou várias “Ave-Marias” consecutivos, quando não conseguiam recitar os 150 Salmos. Essa prática foi-se codificando e regulamentando aos poucos, chegando a sua forma atual no século XVI sob o Papa São Pio V (1566-1572), dominicano. Foi esse Pontífice quem determinou tanto o número de “Pai-Nosso” e “Ave-Maria” como o teor dos mistérios que os devem acompanhar.
O nosso Catecismo diz: “A piedade medieval do Ocidente desenvolveu a oração do Rosário como alternativa popular à oração das horas”. (n.2678)
São Pio V atribuiu a eficácia dessa prece à vitória naval de Lepanto, que, aos 7 de outubro de 1571, salvou de grande perigo a Cristandade ocidental contra a invasão dos turcos otomanos, muçulmanos, que pretendiam dominar a Europa e acabar com o cristianismo. Por isso, o Papa São Pio V instituiu a festa de Nossa Senhora do Rosário em 7 de outubro. A devoção foi mais e mais favorecida pelos Papas seguintes, destacando-se Leão XIII, que determinou fosse o mês de outubro dedicado, em todas as paróquias, à reza do Rosário.
Rosário como arma para a conversão
Uma forte tradição na Igreja diz que São Domingos de Gusmão, enviado pelo Papa Gregório IX (1227-1241), para converter os hereges cátaros na França, recebeu a visita de Nossa Senhora, que lhe apresentou o Rosário como a arma para a conversão dos hereges. São Domingos caminhava rezando o Rosário e pregando a sã doutrina da fé.
Há muito tempo, os papas valorizam e recomendam, vivamente, a oração do Rosário, especialmente os últimos papas, sobretudo a partir das aparições de Lourdes (1858) e Fátima (1917). Em Fátima, Nossa Senhora disse aos pastorinhos que “não há problema de ordem pessoal, familiar e nacional que a oração do Terço não possa ajudar a resolver”.
Leão XIII (1878-1903), em tempos difíceis, dedicou ao Rosário 16 documentos, sendo 11 encíclicas e uma constituição apostólica; Paulo VI dedicou três documentos ao Rosário; uma encíclica: Mense (29 de Abril de 1965), a qual recorda que “Maria é caminho para Cristo, e isso significa que o recurso contínuo a ela exige que se procure nela, para ela e com ela, Cristo Salvador, ao qual nos devemos dirigir sempre”.
Na carta apostólica de João Paulo II Rosarium Virginis Mariae, ele declara: “Percorrer com ela [Maria] as cenas do Rosário é como frequentar ‘escola’ de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem”. É a minha oração predileta, disse João Paulo II.
“É a oração mais querida pela Mãe de Deus”
Em 10 outubro 2010, o Papa Bento XVI disse que o Rosário é “a oração mais querida pela Mãe de Deus, e que conduz, diretamente, a Cristo”. “O Rosário é uma oração bíblica, totalmente tecida pela Sagrada Escritura. É uma oração do coração, em que a repetição da ‘Ave-Maria’ orienta o pensamento e o afeto para Cristo. É oração que ajuda a meditar a Palavra de Deus e a assimilar a Comunhão Eucarística sob o modelo de Maria, que guardava, em seu coração, tudo aquilo que Jesus fazia e dizia, e sua própria presença. A “Virgem do Rosário” recomendou, com insistência, a oração do Rosário todos os dias, para alcançar o fim da guerra.
O Catecismo diz: “A oração cristã procura, de preferência, meditar os mistérios de Cristo, como na lectio divina ou no Rosário”. (n.2708)
São João Paulo II
São João Paulo II disse, na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, em 16 de outubro de 2002, no Ano do Rosário: “Em momentos em que estivera ameaçada a própria cristandade, foi à força dessa oração que se atribuiu a libertação do perigo, tendo a Virgem do Rosário sido saudada como propiciadora da salvação. O Rosário da Virgem Maria (Rosarium Virginis Mariae), que ao sopro do Espírito de Deus se foi formando, gradualmente, no segundo Milênio, é oração amada por numerosos santos e estimulada pelo Magistério. Na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no Terceiro Milênio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”.
“Desde a minha juventude, essa oração teve um lugar importante na minha vida espiritual. A ele confiei tantas preocupações; nele, encontrei sempre conforto. Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: «O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. […] Hoje, no início do vigésimo quinto ano de serviço como Sucessor de Pedro, desejo fazer o mesmo. Quantas graças recebi, nesses anos da Virgem Santa, por meio do Rosário. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo”.
Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023