Rodrigo Cardoso conta como começou a sua caminhada vocacional numas férias de Verão
“A sociedade olha muito para quem entra no Seminário ou nos conventos como se estivesse a alhear-se do mundo, mas não”, frisa Rodrigo Cardoso.
Para o jovem de 21 anos, que vem da Paróquia de São Julião do Tojal, em Loures, foi a partir deste caminho, há cerca de quatro anos, que começou a “ligar-se ainda mais”.
“Antes de entrar estava muito fechado na minha sociedade, nos meus amigos, naquilo que para mim é interessante ou de que eu gostava, e o Seminário dá outra visão, dá outro olhar. É isso que Deus pede também, essa atenção pelos outros, por aqueles mais desfavorecidos, e a sociedade nem sempre se preocupa muito com isso”, salienta.
Como é que um jovem na altura com 17 anos decide mudar assim de vida, como é que reage a família a esta decisão, e como é estar tão novo longe dos seus.
Para Rodrigo Cardoso, tudo começou no Verão de 2013, quando a sua paróquia recebeu um ‘Campo de Evangelização”, uma iniciativa em que seminaristas vão às comunidades para darem o seu testemunho e estarem com as pessoas.
“Tive a graça de ter dois seminaristas em minha casa, e durante duas semanas tudo aquilo que eu ia vivendo com eles, ia indo às coisas que eles iam fazendo, as catequeses e aquilo que eles nos iam ensinando, a relação que fui tendo com eles fez-me pensar muito”, revela o jovem.
“A felicidade daqueles seminaristas tinha de vir de algum lado, jovens de 20 anos, longe das famílias, mas que estavam felizes”, e Rodrigo Cardoso decidiu dar resposta a estas interrogações, primeiro numa semana de visita ao Seminário e depois com a entrada no Pré-Seminário.
Hoje no 2.º ano do Seminário dos Olivais, tem a certeza que “Deus tinha esse chamamento, algo que nunca tinha pensado”.
“É claro que tinha já sempre uma vida da paróquia, era chefe dos acólitos, dava catequese, tinha já essa fé dentro de mim, esse chamamento de Deus a chegar aos outros e a partilhar isso na paróquia”, acrescenta.
A família, os pais, a irmã de 17 anos, a escola onde andava, os amigos, tiveram que “ficar para trás”, no sentido em que veio para mais longe, e em permanência.
“Foi estranho ao início, enquanto antes vinha ao Seminário uma vez por mês, agora ir a casa uma vez por mês, essa diferença, foi algo que ao início custa sempre. E por muito que os meus pais sempre me tenham levado à Igreja, e sempre me tenham acompanhado, isto cria sempre aquela sensação de que é um filho que sai de casa”, admite Rodrigo Cardoso.
No entanto, “isto é algo que ao longo do caminho vai sendo superado”, também com o ganhar de uma “nova família”, os seus colegas de Seminário.
“No Seminário somos 65 seminaristas e 8 padres, e por isso se antes tinha de dar atenção à minha irmã mais nova, e aos meus pais em casa, agora sou chamado a estar com atenção a todos aqueles que estão comigo, uns mais velhos já a acabar, outros que começaram agora. É engraçado ver esta experiência, algo que me vai ajudando também a perceber que tenho aqui alguém que passa os mesmos problemas que eu”, conclui.
Fonte: Agência Ecclesia
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