Família: comunidade reunida pelo Amor para o Amor.
Assim se pode resumir o que gera e para que existe uma família.
Não é por acaso que a Igreja lhe chama “Igreja Doméstica”!
Se é o Amor que a une é preciso que tudo seja dirigido a Ele.
Um grande Mistério é este!
Um caminho que não é isento de Cruz porque é lugar de prova de amor. E não há maior prova de Amor do que a Cruz.
Diz-me por quem estás pronto a dar a vida (e é isso que significa amar!), até à morte, se for preciso, e eu te direi quem tu amas de verdade.
Quantas uniões se fazem sem este alicerce e sem esta meta?
É claro que, nesse caso, pode até ser casamento mas não será, de forma alguma, sacramento.
Só no Amor se vê Deus pois, como nos diz São João na sua primeira carta, quem ama conhece-O. E saboreia como Ele está vivo e é a “rocha firme” onde a construção familiar assenta e se apoia para vencer tempestades e ventos contrários. Porque há muitos ventos contra este propósito feliz de amar alguém. A começar nos nossos próprios fracassos pessoais e dos nossos medos de arriscar a amar de verdade.
Uma Igreja doméstica é lugar para se cultivar o acolhimento generoso e entusiasta que nem sempre é agradável e satisfatório.
Numa família sacramentada há lugar para o que o amor faz de melhor: o perdão.
Quando se ama não se cede a mentiras fáceis nem a medos frequentes.
Não se olha para os erros com resignação mas não se apoia neles para os justificar ou desculpar. E ainda há quem faça de conta que eles não existem ou nem aceite a necessidade de se vigiar sobre eles.
A família é composta de gente imperfeita que, por estar unida pelo Amor, se pode ir aperfeiçoando mais e melhor.
Mas isto não se faz sem luta porque não há vitória sem luta!
Ultimamente, vejo gente a casar sem motivo e a ter todos os motivos para não casar. Mas, por sinal, não se fala de Amor, das suas exigências e da necessidade de lhes corresponder.
Precisamos de casais que testemunhem como é feliz lutar pelo Amor e para ele caminhar, mesmo com avanços e retrocessos.
Famílias que sacramentam a sua caminhada pois confiam na presença iluminadora e confortante do próprio Jesus que ali Se manifesta e Se saboreia. O grande fruto desta presença é a paz e a delicadeza. A alegria do cuidado em cuidar!
Seja lugar para um silêncio contemplativo e uma escuta acolhedora.
Lugar para se aconchegar quando a dor aparece e de garantia de compreensão mesmo que se trate de um erro crasso e lamentável.
Uma pertença feliz e geradora de enorme gratidão porque tudo é graça e o mérito não é condição.
Quanta alegria a cultivar e a oferecer quando a família é uma Igreja Doméstica!
Padre José Luís Borga
Diocese de Santarém
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