Padre Fernando Sampaio realça que a palavra-chave deve ser «acompanhar»
O coordenador nacional das capelanias hospitalares considera que o debate da eutanásia é “preocupante” porque mostra o quanto a sociedade perdeu a noção de “acompanhamento da pessoa no sofrimento”.
No âmbito da Semana da Vida que a Igreja Católica está a assinalar, o padre Fernando Sampaio frisa que é “exatamente quando a vida mais está em perigo” que “mais respeito” deve existir por ela.
“Se nós não reconhecemos a dignidade da pessoa humana, a sua dimensão única, exatamente nesses momentos, quando é que a vamos reconhecer?”, aponta o sacerdote, para quem é fundamental recuperar estes valores, “essas dimensões quer ao nível da sociedade quer às vezes da própria família”.
Sem “a afirmação de que a pessoa é única, de que é amada”, ela é levada muitas vezes “a desistir”, porque sente que é um “peso para os outros”.
Para o padre Fernando Sampaio, não será a eutanásia a resolver este problema, a legalização da eutanásia irá sim reforçar esta falta, porque “a eutanásia não resolve o sofrimento”, “destrói a vida”.
“Quando alguém pede a eutanásia está a dar um grito muito grande, está a dizer ‘olhem para mim’, respeitem a minha dignidade, ajudem-me”, aponta ainda aquele responsável.
A Igreja Católica em Portugal está a promover até 20 de maio a Semana da Vida, este ano dedicada ao tema ‘Eutanásia… o que está em jogo?’.
Esta quarta-feira, o Grupo de Trabalho Inter-Religioso (em saúde), do qual o padre Fernando Sampaio faz parte, vai promover uma conferência sobre a eutanásia com a participação de elementos de várias Igrejas e comunidades religiosas em Portugal.
O evento está previsto para as 16h00 na Academia das Ciências de Lisboa, e terminará com a assinatura de uma declaração conjunta sobre a eutanásia.
“É importante percebermos que neste sentido estamos todos em comum, ou seja, todos nós valorizamos a vida. No fundo dá-nos conta de que as religiões têm uma mensagem muito importante sobre a vida e a morte, no sentido da esperança”, sublinha o sacerdote.
O GTIR (Grupo de Trabalho Religiões/Saúde) engloba as comunidades Islâmica, Israelita, Budista, Hindu e Bahai, as Igrejas Adventista, Ortodoxa e Católica, a Aliança Evangélica e o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC).
O programa prevê um primeiro painel sobre o contributo das religiões para a Bioética, seguindo-se uma conferência de Walter Oswald, médico e especialista em Bioética que a Igreja católica distinguiu com a edição de 2016 do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.
A iniciativa conclui-se com uma mesa-redonda que integra participantes de todas as religiões presentes, com a participação anunciada do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
A declaração conjunta a assinar pelos representantes das várias religiões vai ser entregue ao presidente da República Portuguesa.
Recorde-se que no dia 29 de maio vão estar em debate na Assembleia da República quatro projetos-lei relacionados com a legalização da eutanásia.
Para o mesmo dia está convocada uma manifestação de vários movimentos contrários à legalização da Eutanásia, como a Federação Portuguesa pela Vida.
Antes destes eventos, no dia 24 de maio, o ‘Stop Eutanásia’ promove a manifestação ‘Os Portugueses Não querem a eutanásia’, às 12h30, diante do Palácio de São Bento.
Fonte: Agência Ecclesia
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