Santuário de Fátima procura garantir conhecimento sobre o estado da escultura que se deslocará ao Panamá, para as Jornadas Mundiais da Juventude 2019
O Museu do Santuário de Fátima encomendou um estudo sobre os materiais constituintes do suporte e superfície da escultura nº 1 da Virgem Peregrina de Fátima, datada de 1947, que se deslocará excecionalmente ao Panamá no próximo mês de janeiro.
A escultura que entre o dia 30 de outubro, e por um período de 15 dias, esteve à guarda do Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, foi submetida a um estudo aprofundado, que vai permitir perceber a forma como José Ferreira Thedim a criou, a partir da descrição da irmã Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos.
Numa primeira fase desta análise, para perceber o estado de conservação do suporte e detetar intervenções passadas de conservação ou restauro, uma equipa de especialistas realizou fotografias com luz visível, fotografias com luz ultravioleta e radiografia digital. De seguida, para estudar o número e a espessura das camadas de tinta, identificar pigmentos, vernizes e outros materiais utilizados na escultura, foram recolhidas e analisadas micro-amostras com o auxílio de infravermelhos e de raios-x.
O objetivo deste estudo prende-se não só com o conhecimento dos materiais constitutivos da escultura e da forma como foram trabalhados mas também com a necessidade do Santuário ter uma noção aprofundada de como é que ela se encontra dado que voltará a realizar, excecionalmente, uma grande viagem até ao Panamá onde participará na Jornada Mundial da Juventude, em janeiro de 2019, onde estará o Papa Francisco, que escolheu como tema do encontro de jovens uma passagem do Evangelho de Lucas ‘Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38) .
A escultura que deriva da imagem da Capelinha das Aparições feita em 1920, foi construída a partir dos relatos da irmã Lúcia. Além de consolidar o Santuário de Fátima como um centro de culto internacional permitiu que o Santuário se aproximasse dos peregrinos de todo o mundo.
“A virgem peregrina nº 1 é uma das figuras mais simbólicas do catolicismo contemporâneo”, salienta Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu do Santuário de Fátima. Desde 1947 que “percorre os caminhos do mundo e em menos de 10 anos já tinha passado pelos 5 continentes”. Os anos de culto e viagem da escultura valorizaram a carga simbólica daquela que é, segundo as palavras do diretor do Museu, “talvez a peça artística mais viajada do mundo”.
Por outro lado, “a própria Lúcia de Jesus afirmou que as imagens de Nossa Senhora de Fátima até àquela época eram demasiado barrocas e que se ela soubesse pintar, ainda que nunca fosse possível fazer aquilo que terá visto, faria uma imagem o mais simples possível toda branca, com um fio dourado na orla do manto” revela Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu.
Carla Felizardo, diretora do Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes, refere que “o recurso a técnicas de análise avançadas permite perceber como a obra foi construída e detetar algumas fragilidades da madeira original do suporte invisíveis a olho-nu.” A escultura esteve no CCR da Escola das Artes até 16 de novembro, onde foi executado o reforço estrutural da base.
Esta escultura encontra-se entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima desde o ano 2000 tendo saído em situações absolutamente excecionais como foi a peregrinação que fez entre 2014 e 2016 pelos mosteiros de clausura e pelas dioceses portuguesas.
Fonte: Santuário de Fátima
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023