Muitas vezes, por vergonha ou moralismo, os noivos não conversam sobre o que esperam da vida sexual
Nossa, quanta expectativa! Depois de meses, anos de convívio, de lutas para controlar os desejos e acúmulo de sonhos, chega o dia da lua de mel. Tantos filmes retratam esse momento como um dos mais especiais da vida dos noivos! Existe um peso emocional imenso sobre a primeira relação do casal, que vem com o sonho de que seja uma noite memorável. O que, infelizmente, ninguém conta, é que, frequentemente, esse momento não é nem um pouco mágico, fácil ou prazeroso. E acho que isso está diretamente ligado à falta de conhecimento sobre a realidade.
Vamos olhar para a parte natural primeiro. Homem e mulher têm fisiologias sexuais muito diferentes (pensamento sexual, funcionamento do corpo, do desejo, do prazer). Com isso, existe um descompasso natural quando os dois iniciam sua vida de relacionamento. A mulher, muito mais lenta na resposta ao desejo, precisa de muito tempo de estímulo preparatório (preliminares), precisa de envolvimento e dedicação para conseguir se soltar. Nas primeiras vezes, ainda existe o processo de rompimento do hímen, que pode gerar dor ou sangramento. O homem, com seu instinto procriativo, geralmente tem o foco na penetração e ejaculação, sendo muito mais rapidamente estimulado. Geralmente, são necessários anos (associados à dedicação, empenho, diálogo, intimidade) para que marido e mulher entrem em sintonia fisiológica sexual real. E essa diferença natural, quando não entendida, pode gerar muitas mágoas em ambos, seja porque o homem vê que a esposa não se sente bem, seja porque a mulher não sente a dedicação do esposo em prepará-la para o ato.
Muitas pessoas também buscam viver a continência sexual no namoro (algo que recomendo fortemente!), porém, sem entender a castidade, sem ter consciência dos verdadeiros motivos para abrir mão do sexo momentaneamente. São usadas ideias erradas sobre o sexo (“sexo é sujo”, “prazer é ruim”, “tenho que lutar contra meus desejos”), as quais vão construindo uma barreira inconsciente. Após o casamento, quando a relação se torna permitida, esses bloqueios internos podem fazer com que ambos não consigam viver o prazer e a entrega física do momento. E isso pode ser forte, a ponto de gerar vaginismo (contração involuntária da vagina) ou dificuldade de ereção (nos homens).
Existe outro problema frequente: a falta de diálogo sexual prévio. Muitas vezes, por vergonha ou moralismo, os noivos não conversam sobre o que esperam da vida sexual, sobre como gostariam que fosse, sobre as experiências que já tiveram. E aí, na lua de mel, pode acontecer que cada um venha com uma ideia bem diferente sobre o sexo, gerando o sentimento de rejeição e reprovação do outro.
Não tenham pressa!
Minha sugestão (depois de ter vivido a castidade no namoro, e eu e meu marido termos casado virgens) é: não tenham pressa! Vocês estão começando um longo caminho de conhecimento e entendimento sexual. Não coloquem expectativas demais na primeira noite. É natural que a relação completa demore várias tentativas para acontecer. Muito mais importante do que ter prazer de imediato, é sentir que existe o amor, o carinho, a dedicação ao outro. Procurem conversar abertamente sobre o que pensam sobre o sexo, sobre como estão se sentindo e, se for preciso, busquem ajuda profissional.
O sexo é algo lindo, feito por Deus, que tem como consequência o prazer físico. Se sua vocação é realmente se casar, esse presente é para você. E o sonho de Deus é ver cada um de nós realizado de verdade, incluindo a parte sexual. Deixe que Ele o ajude a abrir-se para essa área, e lhe dê uma visão mais verdadeira sobre a pureza e a beleza do sexo.
Recomendo a leitura do livro “A verdadeira realização sexual”. Acredito que pode ajudá-lo nesse processo de cura e construção da sexualidade sadia e feliz.
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