A Comissão Independente para o Estudo de Abusos de Crianças na Igreja em Portugal apresentou o relatório final a 13 de fevereiro. Primeiramente, os dados gerais: desde janeiro de 2022, 564 vítimas deram o seu testemunho, sendo 512 validados e 25 serão encaminhados ao Ministério Público.
De antemão, foram estudados os abusos ocorridos entre 1950 e 2022. Os contextos, por exemplo, foram: seminários, igrejas, confessionário, casa paroquial, escolas religiosas. Os abusadores foram padres, religiosos, professores, escuteiros, catequistas.
Simultaneamente, o trabalho da comissão e do grupo de arquivistas apresentou um caráter pioneiro. Pela primeira vez, cientistas sociais tiveram acesso a arquivos das dioceses e institutos religiosos após autorização do Vaticano.
Nesse ínterim, a pesquisa aos arquivos deu-se em 21 dioceses e 127 institutos religiosos. Todos os bispos e institutos responderam ao inquérito.
Perfil das vítimas
- 57,2% são homens e 42,2% do sexo feminino;
- a idade atual deles é de 52,4 anos;
- 88,5% das vítimas vivem em território nacional;
- 53% da população participante é católica, sendo 25,8% de praticantes;
- 40,9% são casados e 60% têm filhos;
- 32,4% dos respondentes são licenciados e 12,9% possuem mestrado.
- a maior percentagem de crianças foi abusada entre os 10 e os 14 anos de idade;
- 58,3% dos testemunhos foram de fatos ocorridos entre o início dos anos 60 e 1990;
- de 1991 até hoje, concentram-se 21,9% das situações.
Primordialmente, no centro do estudo, a pessoa da vítima. Muitas delas relatam os impactos psicológicos e efeitos sobre sua afetividade e sexualidade.
Por fim, a Comissão fez ainda recomendações gerais. Exemplos: um pedido público de perdão por parte da Igreja; cessação de espaços físicos fechados para atendimentos individuais; apoio psicológico continuado às vítimas.
Juntamente a isso, para a sociedade civil: a necessidade de um estudo nacional sobre o tema e o aumento da idade da vítima para efeitos de prescrição de crimes.
Em conclusão, os testemunhos transcritos no documento comovem, contudo, segundo a Comissão, devem indicar caminhos de esperança.
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