A pandemia do coronavírus atingiu fortemente a Índia, tendo provocado já cerca de 360 mil mortos e provocou o caos nos hospitais e em todo o sistema de saúde que não estava preparado para responder a uma tal avalanche de casos. A comunidade cristã é muito pequena neste país. Calcula-se que serão apenas cerca de 68 milhões [a Índia tem mais de 1300 milhões de habitantes] e pertencem, na sua maioria, às classes mais pobres e desfavorecidas. O Covid19 está a agravar ainda mais essa realidade e a Igreja tem procurado dar respostas às situações mais graves.
O Arcebispo de Bhopal, D. Leo Cornelio, acredita que a crise provocada pela pandemia pode ter ajudado a aproximar as pessoas umas das outras. Em entrevista a Volker Niggewöhner, da Fundação AIS, o prelado diz que, “em Bhopal e em outros lugares, as pessoas uniram-se para providenciar comida, abrigo, ajuda médica e muitas outras coisas”.
Embora a Igreja Católica represente apenas uma pequena minoria, tem sido assinalável a sua actividade. “As nossas paróquias distribuíram pacotes alimentares, máscaras faciais e desinfectantes para as pessoas mais necessitadas, e criámos uma estação de quarentena no centro pastoral da diocese para abrigar e cuidar dos mais carenciados”, diz o Arcebispo lembrando um provérbio indiano: faz o teu dever sem esperares recompensa. “Estamos confiantes de que haverá luz no fim do túnel…”
A segunda vaga da pandemia apanhou a Índia “desprevenida”. Diz D. Cornelio que Bhopal, a sede da diocese, assim como a cidade de Indore, estão entre as áreas mais atingidas no estado de Madhya Pradesh. “Ambas as cidades estão em confinamento há quase sete semanas. Todos os hospitais estão lotados. Há escassez de medicamentos e de oxigénio…”
O prelado acredita que o número de pessoas infectadas e que morreram com o coronavírus será mais elevado do que as cifras oficiais apontam. “Alguns observadores até acreditam que serão dez vezes mais! Afinal, muitas pessoas que contraíram o vírus permaneceram em casa e morreram lá….”
Para os cristãos, a pandemia veio agravar a discriminação que já se fazia sentir. D. Leo Cornelio reconhece que “as violações dos direitos humanos fundamentais, a polarização religiosa e a questão da lealdade para com o Estado estão a ser manipuladas por aqueles que estão no poder, como instrumentos para dividir o povo”. Mas a pandemia também trouxe importantes ensinamentos. “Está a ensinar-nos que temos de lutar juntos se quisermos sobreviver. O poder político, a segurança económica, a saúde física… tudo isto é efémero e não vai durar para sempre. O mais importante é a caridade, a fraternidade e a compaixão, valores como foram vividos pela Santa Madre Teresa de Calcutá. Cada vez mais pessoas na Índia estão agora a perceber isto”, acrescentou o Bispo à Fundação AIS.
LIBERDADE RELIGIOSA NO MUNDO | RELATÓRIO 2021
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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