O relatório produzido pela Fundação AIS sobre a liberdade religiosa no mundo “é importante para nos lembrar as atrocidades que acontecem em muitas partes do globo e tem particular importância para aqueles que sofrem essas violações”, diz o professor Heiner Bielefeldt, antigo relator especial das Nações Unidas, sobre o documento produzido pela Ajuda à Igreja que Sofre e que vai ser divulgado oficialmente em Lisboa no próximo dia 20 de Abril.
O Professor Bielefeldt é também um dos autores deste Relatório que analisa as questões relacionadas com a temática da liberdade religiosa em todos os 196 países do mundo. No total, mais de 30 peritos, entre jornalistas e académicos, contribuíram para este documento. Teólogo, filósofo e historiador, o professor Heiner Bielefeldt foi Relator Especial sobre a Liberdade de Religião ou Crença no Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (UNHRC), durante os anos de 2010 a 2016.
Actualmente ocupa a cátedra dos direitos humanos e política dos direitos humanos na Universidade de Erlangen, na Alemanha. Segundo este professor, são sobretudo as minorias religiosas e étnicas que mais sofrem os abusos relacionados com a questão religiosa. “Testemunhámos violações da liberdade religiosa à escala do genocídio”, diz, referindo o caso da comunidade uigure na República Popular da China. “Em Xinjiang, onde os uigures sofrem enormes violações, centenas de milhares de pessoas foram alegadamente colocadas em campos de detenção.” Não é só na China, porém, que se registam estas situações. Em Mianmar também. “Em Mianmar, assistimos a uma limpeza étnica, com os Rohingya a serem expulsos do seu próprio país.”
Para este antigo relator da ONU, é importante referir também a violência sofrida pelas comunidades cristãs no Médio Oriente. “Muitos cristãos viram-se obrigados a deixar os países onde viveram a infância e juventude por que não viam futuro para as suas igrejas”. Além disso, foram também vítimas de “forças radicais” que têm procurado “apagar os vestígios da presença cristã” em alguns países desta região.
O Relatório da Fundação AIS é também um grito de alerta para que o mundo não esqueça nem ignore o sofrimento de tantas comunidades vítimas de intolerância por causa da sua fé. “O pior que pode acontecer a uma pessoa é ser detida e pensar que ninguém irá saber o que lhe aconteceu”, diz o professor Heiner Bielefeldt, acrescentando que o Relatório da Fundação AIS é, por isso, “uma fonte de esperança para muitas pessoas”.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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