Secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa na altura, sacerdote jesuíta recorda a presença do agora Papa Emérito
O padre Manuel Morujão recorda a visita de Bento XVI a Portugal, em 2010, como um “acontecimento inesquecível de bondade” e considera que o agora Papa Emérito deixou uma “mensagem de coragem” que ajuda a enfrentar este tempo de pandemia.
“Há acontecimentos que são inesquecíveis e este é inesquecível de bondade, mas a sua atitude simples, cordial, uma pessoa muito afetuosa que, por ter sido Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, pintavam com um retrato de um inquisidor, mas é uma pessoa cheia de bondade”, disse o sacerdote.
Dez anos depois da visita, que decorreu de 11 a 14 de maio de 2010 sob o tema “Contigo Caminhamos na Esperança”, o padre Manuel Morujão olha para a situação atual, de pandemia devido à Covid-19, e aponta a mensagem deixada por Bento XVI.
“Há sempre muito a fazer mas penso que olhando para a mensagem tão positiva, pelos gestos e palavras do Papa, dá-nos coragem para enfrentarmos este estado atual de pandemia, em vez de centrar-nos em nós próprios, vermos como somos corresponsáveis, uns pelos outros”, refere.
O padre Manuel Morujão era porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa em 2010 e coube-lhe estar na organização da visita, na “área da comunicação social”, a par com o padre Carlos Cabecinhas, na liturgia, e D. Carlos Azevedo, na coordenação geral.
“A notícia foi muito bem recebida e encheu-nos de alegria, só sabíamos que ia a Fátima, e começámos a desenhar que viria e Lisboa e depois a possibilidade de ir ao Porto. Eram pormenores mais que muitos, mas era preparar tudo para alguém que vinha trazer boas notícias”, recorda.
O sacerdote jesuíta regressou a vários momentos marcantes da visita do Papa Bento XVI a Portugal, que “veio como irmão mais velho na fé”, uma visita que a todos “inundou de consolação e esperança”.
O encontro com o mundo da cultura, em Lisboa, o “longuíssimo aplauso que todos fizeram de pé” ao Papa, “naquele lugar de beleza” ou o encontro informal com os jovens, junto à Nunciatura Apostólica, numa “manifestação de apoio, aplauso e entusiasmo espontâneos” marcaram a viagem a Portugal.
O sacerdote jesuíta recordou também a visita aos Santuário de Fátima onde Bento XVI se apresentou como filho, “como nosso irmão, que vai além de um simples companheirismo” e recorda uma confidência do Papa ao bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto.
“Íamos a caminho da casa de Nossa Senhora do Carmo, onde iria pernoitar, e confessou ao bispo de Leiria-Fátima que aquele ‘lugar é único, a manifestação popular de devoção e carinho com a Mãe do céu era um espetáculo enternecedor e único no mundo’, e que fica muito bem a qualquer filho tratar bem a sua mãe. Acho que estava a dar os parabéns ao povo português e a todos os devotos de Maria”, relatou.
O padre Manuel Morujão recordou ainda o encontro com os agentes da Pastoral Social, na Basílica da Santíssima Trindade, onde o Papa pediu uma “proposta criativa para enfrentar a crise, naquele caso era económica e agora enfrenta-se outra”.
No último dia de estadia em Portugal Bento XVI rumou ao norte, onde o esperava uma “multidão imensa na Avenida dos Aliados”, no Porto, e o sacerdote lembra a “mensagem de coragem” que deixou, mas também o apelo à evangelização, como “boa noticia que se comunica e não se impõe, mas propõe e oferece”.
Fonte: Agência Ecclesia
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