“Se alguém quiser ser o primeiro, há -de ser o último de todos e o servo de todos!” (Mc. 9, 33-35)
Jesus deseja ardentemente estar no centro das nossas famílias. N’Ele, com Ele e por Ele compreendemos que “família” é mais do que um aglomerado de gente; é um sonho sublime de Deus.
S. João Paulo II, nas suas catequeses sobre a família, desafia-nos a expandirmos o nosso coração até sermos capazes de contemplar a verdadeira beleza deste sonho. Somos convidados da Trindade Santíssima para este grande banquete que é a vida em comunhão na família. Não desprezemos este convite, como fizeram os homens ricos e muito ocupados.
Nesta semana maior, a Igreja apela a que coloquemos o nosso olhar inteiramente em Jesus para O descobrir no Seu maior ato de amor pela Sua família, que somos todos nós. E que visão nos oferece Jesus? A visão do serviço.
Serviço, palavra tão maltratada e tão mal compreendida hoje, mesmo nas famílias cristãs… com que coração sofrido Jesus olhará para nós, ao descobrir que já não somos capazes de entender o ato de servir como uma linguagem de amor… associamos servir o outro a rebaixamento, a ofensa, o menosprezo sobre o nosso “eu” Como se o “eu” tivesse sempre de ser maior que o “tu” ou que o “nós”. Ser o menor da casa: isso é algo que o nosso eu não pode admitir!
E como tantos “eus” à solta lá por casa, a família torna-se insana.
É a esposa e mãe que murmura porque tem de ocupar-se das refeições diariamente; é o esposo e pai que murmura porque tem de limpar a casa; são os filhos que murmuram porque têm de pôr e levantar a mesa; são os irmãos que se comparam pelo que cada um faz de menos…
O egoísmo e a murmuração espalham-se como vírus silenciosamente (e como tão bem somos capazes de entender esta imagem agora)… passam da esposa para o esposo, contagiam os filhos, adoecem os irmãos. Ao princípio, ninguém nota, mas depois surgem as primeiras mortes. Morre o bem-dizer, morre o apreço, morre o carinho e a ternura; morre a admiração e a tolerância e há-de morrer a gratidão e a estima. Quando damos por isso já temos uns monstros tamanho XXL sentados no sofá da sala, na mesa da cozinha e até deitados na cama do quarto!
A nossa cura é Jesus! Precisamos amá-Lo na Cruz e contemplá-Lo na ressurreição para O vermos como Jesus Cristo, o servo. E assim, aprendermos a falar serviço como idioma de amor.
“Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo, e quem quiser ser o primeiro faça -se servo de todos. Pois, também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de todos” (Mc. 10, 43-45)
E não há de facto, maior cura para a família cristã que imitar Cristo na dimensão do serviço. Que nesta semana santa, neste tempo tão diferente em que todos estamos em quarentena na luta contra um vírus material, possamos, enquanto família viver este propósito de descobrir como se fala Amor através da palavra Serviço. Façamos a limpeza dos vírus do egoísmo e da murmuração. Limpemos com o sabão e a água do Espírito Santo a nossa mente: façamos isso regularmente por pelo menos 30 segundos de cada vez, rezando um Pai-Nosso. Desinfestemos a nossa língua com a sabedoria do Espírito Santo, várias vezes ao longo do dia e sempre antes de começarmos a falar. Usemos do escudo protetor da Nossa querida Mãe Maria para protegermos o nosso coração de todos os sentimentos ingratos e infiéis. Que o mesmo cuidado que agora aprendemos a ter com as nossas mãos, para não tocarmos em nada contaminado, possamos aprender a ter com o nosso olhar. Desviemos o nosso olhar de tudo o que nos contamina! Sejamos tão solícitos a manter o distanciamento de tudo o que nos corrompe!
E que nesta semana comecemos de uma vez para sempre a conjugar o verbo servir como um sinónimo do verbo amar.
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