Um primeiro olhar, as primeiras conversas, o interesse mútuo crescente que desemboca num compromisso: o namoro. Depois disso, com a bênção de Deus e a aplicação de ambos, o homem e a mulher se tornam cada vez mais unidos, até terem a certeza de que querem viver um com o outro “até que a morte os separe”.
Celebra-se o matrimónio, um sacramento poderoso que ainda aguarda reflexões teologais à altura do que realmente significa e opera.
Nova fase na vida do casal
Se as histórias de amor entre príncipes e princesas acabam aí, no matrimónio cristão este é o ponto de início de uma nova fase e desejo: gerar filhos.
O amor tem por característica unir, derramar-se e multiplicar-se. O fruto no ventre da esposa é um novo momento de intensa alegria para o casal, o amor está tomando a forma de um novo ser, uma perfeita síntese dos dois.
No entanto, quando a criança nasce, o marido parece ser o mesmo, ganhou um novo título de “pai” que reflete uma alegria que não consegue colocar em palavras, mas, a mulher se torna mãe. Não exagero. Se o homem está tentando vestir a roupa de “pai”, a mulher (sabendo ou não como lidar com a criança) tornou-se uma mãe.
Depois de passar por isso três vezes, posso dizer que o impacto do primeiro filho é sempre maior.
Para o homem, que pode acompanhar tudo como espetador, a realidade à sua volta começa a mudar: existe um único e poderoso centro das atenções, que é o filho que chegou.
Tudo gira em torno dele, e parece até que o homem passa a ser o terceiro na hierarquia da casa, pois, depois do reizinho, os cuidados com a mãe (para que esta possa servir ao filho) passam a ser preponderantes.
O novo e exigente amor
Aí percebemos que, embora não tenhamos sido trocados por ninguém, nossa mulher tem um novo e exigente amor.
Do ponto de vista do relacionamento familiar e do casal, é importante que o homem respeite esse momento extraordinário que a nova mãe está vivendo.
Não existe como o ser masculino entender esses nove meses que a mulher passa gestando o filho, além de todas as reações e emoções que ela tem antes, durante e após o nascimento.
Pesa também, mesmo que inconscientemente, essa responsabilidade dela de nutrir, proteger e ajudar a desenvolver esse novo ser que nasceu, de modo que ela gasta todas suas energias e atenções nesse processo. Algo que, antes, realizava sem quase nenhuma dificuldade durante a gestação.
A mulher, ao se tornar mãe, precisa do apoio, presença e firmeza do marido ao seu lado. Não dá para serem “dois bebés” a querer atenção e que se está a sentir um pouco de lado e, por isso, passa a ser grosseiro e resistente.
A missão fundamental do esposo
Por outro lado, faz parte da missão própria do marido, no matrimónio cristão, ajudar a mulher a encontrar um equilíbrio na vida e na família.
Cabe ao homem servir de baliza, fornecendo base e bordas seguras para que a mulher possa se movimentar sem cair em exageros.
Assim, a atenção ao filho é primordial, mas é o marido quem ajuda a esposa a não cair em extremos de não comer, não dormir ou ficar emocionalmente instável por preocupar-se demais com a criança.
A primeira febre do bebé é tão apavorante, que faz a Segunda Guerra Mundial parecer um desentendimento sem importância para algumas mães de primeira viagem.
Com o passar dos anos, o equilíbrio entre uma educação materna, que se esforça a proteger a qualquer custo, e uma educação paterna, que exige a formação de independência, é extremamente salutar para a criança, o adolescente, o jovem e o ser humano.
Cabe também ao marido continuar esse papel delicado e constante de ajudar a mulher a entender que o filho é criado para o mundo, e não para os pais; e que ela precisa, para o bem de ambos, ir se desvencilhando desse – já não tão novo – amor, mas sempre e cada vez mais exigente.
Esse novo ser continua a ser amado pela mãe, mas passará a amar e a querer unir-se com outro ser e criar uma nova família.
Ao pai de primeira viagem, fica a dica: receberá não só uma nova e linda pessoa no lar, o filho, mas também irá deparar-se com uma pessoa que, embora se tenha casado com ela, é completamente diferente de tudo o que conhecia antes, é uma nova mãe.
Ela continua sendo tão amável quanto era sua esposa, mas trará, agora, necessidades e desejos especiais. Bem-vindo à fase dois!
Flavio Crepaldi é casado e pai de 3 filhas. Especialista em Gestão Estratégica de Negócios,graduado em Produção Publicitária e com formação em Artes Cênicas. É colaborador na TV Canção Nova desde 2006 e atualmente cursa uma nova graduação em Teologia com ênfase em Doutrina Católica.
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