No contexto humano, descubra a sintonia entre amor e sexualidade
Falar de amor e sexualidade significa abordar uma única realidade em dois ângulos, os quais, pela sua realidade, envolvem uma dimensão essencial da vida humana.
O amor gera na pessoa decisões, atitudes e reações. O amor virtude é uma realidade que envolve a vida toda, pois não se ama, porque se deve amar, mas porque o amor se torna uma realidade que faz com que a pessoa seja mais humana. À medida que vamos crescendo, nos descobrindo e nos aprofundando em nossa vida, percebemos que somos seres que se relacionam, e que a solidez da nossa própria vida depende, em grande parte, das relações que estabelecemos.
Amar, então, é um dos maiores desafios, pois fazer com que o amor seja conhecido e vivenciado pelas pessoas exige maturidade e compromisso. Aqui entra a sexualidade.
Se afirmarmos que a sexualidade afeta diretamente toda a vida humana, em nós haverá uma força imensa que nos conduzirá a viver esse amor. Cada ato humano, destinado a desvendar o verdadeiro “ser” da pessoa, leva consigo essa força e, precisamente por isso, a pessoa decide amar.
Relacionamento sadio
A sexualidade é feita para o amor, razão pela qual ela não pode ser prostituída nem manipulada. Quando o amor se fortalece, é capaz de sustentar relações que dignificam e deixam a vida mais harmoniosa. Quando somos crianças, vivemos um amor puro, dócil e inocente; à medida que vamos nos tornando adultos, essas qualidades do amor em nós não deveriam desaparecer nem serem trocadas, mas cada vez mais fortalecidas. A pureza vivida no amor nos permite vivenciar a dignidade. A docilidade nos abre o caminho para um relacionamento sadio; a inocência evita que tratemos os outros como objetos. Amor e sexualidade são, mais uma vez, uma única realidade, com a qual cada pessoa fortalece sua vida e revela o seu íntimo.
Dignidade da pessoa humana
São João Paulo II afirmou em suas catequeses sobre o corpo: “O amor humano, quando fortalecido no amor divino, perpassa a vida da pessoa a ponto de fazer dela uma verdadeira construtora de relações sólidas e sadias”. Nossa sexualidade vivida no amor faz que com que cada um sinta a necessidade de comunicar aos outros a beleza de uma corporeidade aceita, de uma personalidade amadurecida e de uma vida moral bem aventurada. Vamos proclamar, sem medo, a evangelização do amor e da sexualidade de forma tal que sejamos todos artífices da sociedade do amor, para a qual o Papa Paulo VI nos convocou alguns anos atrás, cujo ponto de partida é a dignidade da pessoa humana.
Padre Rafael Solano
Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina.
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