HOMILIA 12 OUTUBRO | Como é bela a Senhora do Rosário, Rainha da Paz

Celebramos hoje, na fé e na alegria espiritual, a solenidade da Dedicação da Basílica de Nossa Senhora do Rosário.

 

Como é admirável a vossa morada, Senhor do universo!
O refrão do salmo responsorial pode sintetizar bem a mensagem da Palavra de Deus proclamada: Como é admirável a vossa morada, Senhor do universo! Estas palavras são um convite a levantar o olhar e o coração bem acima deste templo feito de pedras. Nele descobrimos o sinal da presença misteriosa de Deus que escolheu habitar no meio do seu povo, que o acompanha, que o visita e reúne no seu amor, que faz dele a Igreja das pedras vivas.

Como é admirável a vossa morada, Senhor! Estas palavras são também um convite a contemplar Aquela em honra da qual foi erguida esta basílica e da qual ela é titular. “Sou a Senhora do Rosário”, foi assim que ela se apresentou aos pastorinhos aqui na Cova da Iria onde veio visitar-nos com uma mensagem em nome do Senhor. Um aspeto desta mensagem é precisamente a oração do rosário para nos unir mais a Jesus e invocar o dom da paz para o mundo.

Como é bela a Senhora do Rosário, Rainha da Paz!
A imagem tradicional da Senhora do Rosário representa Maria com um braço a amparar o Menino Jesus e com o outro apresenta a coroa do rosário a São Domingos. Esta iconografia é muito significativa: mostra que o rosário é um meio oferecido pela Virgem para contemplar Jesus e, meditando a sua vida, amá-lo e segui-lo sempre fielmente. Foi a recomendação que Nossa Senhora deixou aqui em Fátima há 100 anos. Aos três pastorinhos Lúcia, Jacinta  e Francisco recomendou com insistência que se recitasse o rosário todos os dias, para obter o fim da guerra e alcançar a paz.

Como é bela a iconografia que nos apresenta a Senhora do Rosário como Mãe da Ternura que nos convida a deixarmo-nos guiar por ela na meditação dos mistérios de Cristo. A oração do Rosário ajuda-nos a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a profundidade do seu amor com o olhar e com o coração da Mãe, que é modelo insuperável da contemplação do Filho.

Através da contemplação dos mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos, ao longo das “Ave-Marias”, contemplamos todo o mistério de Jesus, desde a Encarnação até à Cruz e à glória da Ressurreição; contemplamos a participação íntima de Maria neste mistério e também a nossa vida com Cristo hoje, que é tecida de momentos de alegria e de dor, de sombras e de luz, de angústia e de esperança. As próprias velas que nesta noite acompanharam a recitação do terço, erguidas em louvor e adoração, significam também a conversão de cada um e a sua
passagem a uma nova existência iluminada por Jesus Cristo, o Mistério indizível que contemplamos nos mistérios do Rosário.

Como é bela a Senhora do Rosário que em Fátima se apresenta como Mãe de Misericórdia e Rainha da paz, que acompanha os sofrimentos dos filhos e lhes oferece o seu Imaculado Coração como refúgio e garantia do triunfo do amor nos dramas da história, pedindo-lhes a colaboração com a recitação do terço.

Hoje, queremos confiar à intercessão da Virgem Mãe, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, os nossos anseios mais íntimos, as esperanças e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo e, de modo particular, a grande causa da paz entre os povos: “Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei! E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”!

† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima