A experiência com Deus nos torna cada vez mais humanos

Sabendo da experiência com Deus, poderia o homem viver sem Ele?

Daniel Mafra / Canção Nova

A história da humanidade vive uma época de extraordinário desenvolvimento tecnológico, de uma nova experiência. As novas descobertas e avanços tecnológicos têm influenciado a maneira de viver e relacionar-se das pessoas. As descobertas no campo da medicina, por exemplo, têm possibilitado a cura de muitas doenças.

O advento da internet permitiu que as distâncias físicas não fossem mais barreiras para a comunicação, permitiu que a informação chegasse a toda parte, quase que instantaneamente.

São inegáveis os benefícios trazidos pelos avanços e descobertas científicas para a vida do ser humano, todavia, mesmo frente à evidente evolução tecnológica, a sociedade contemporânea convive com uma aterrorizante crise de sentido da vida.

A modernidade inaugurou um novo tempo na história da humanidade. O homem moderno desenvolveu-se no aspecto técnico e as funções que cada um exerce na sociedade ganhou grande destaque. O ser humano deixou de preocupar-se com o essencial da vida e fixou-se naquilo que é efêmero, que é “acessório”, arrogando para si o intento criador de toda a realidade, afirmando a autossuficiência da razão humana e postulando que todo conhecimento que não fosse passível de ser demonstrado cientificamente deveria ser considerado como dispensável.

Apoiado pelo mito da razão suficiente, o homem moderno passou a não mais considerar Deus como uma realidade necessária para sua vida. A felicidade e a realização pessoal passaram a ser buscadas tão somente nas realidades contingentes da vida. Deus, que outrora era tido como realidade essencial, foi reduzido a um acessório, que pode ser colocado de lado. Dessa forma, o ser humano acabou por encarcerar-se em si mesmo, negando uma das suas dimensões constitutivas.

A busca por relacionar-se com algo maior que si mesmo, algo que o transcenda, está presente em toda história da humanidade, nas diversas culturas e civilizações, comprovando que a abertura ao transcendente é característica do ser humano. O homem, ao fechar-se ao relacionamento com Deus, nega uma das suas dimensões constitutivas.

Viver em Deus é uma escolha que enche a vida de sentido
A experiência com Deus, por sua vez, torna-nos cada vez mais humanos. No entanto, essa experiência não é imposta; ela passa pelo encontro marcante com Jesus Cristo, Filho Eterno do Pai, que, no mistério da Encarnação do Verbo, fez-se homem; e conforme afirma o Concílio Vaticano II, revela o homem ao próprio homem.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Ele não cessa de atrair o homem a si, e somente n’Ele o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”. O encontro com Jesus transforma, torna a vida humana repleta de sentido.

A história comprova que o homem, ao afastar-se de Deus e adotar uma postura autossuficiente, perde-se nos limites da sua própria contingência. Santo Agostinho declara: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti.”

O homem pode viver sem Deus? A resposta a essa pergunta dependerá da escolha que cada um faz para si. Contudo, viver em Deus é uma escolha que enche a vida de sentido e alegria, oferece ao homem a possibilidade de sonhar com uma realidade que ultrapassa os limites do nosso mundo, enche-o de esperança, pois abre para a perspectiva de que ele é criado para a eternidade, para o céu.