Ciência: evolução ou retrocesso?

A ciência deve beneficiar e construir a pessoa humana


É inevitável a percepção das inúmeras situações que a ciência trazem angústia e inconformismo. A pessoa que é, ao mesmo tempo, definida como um ser especial diante da criação, muitas vezes não é respeitada em seus direitos básicos. Apesar de tudo, é necessário ter um olhar de esperança.

Nos últimos anos, a ciência, por meio da medicina, a biologia e a engenharia genética fizeram descobertas inimagináveis. Temos vários exemplos: os transplantes tornaram-se inúmeros, experimentos bem-sucedidos com animais, óvulos que são fecundados fora do corpo humano, a chamada “fertilização in vitro”. Essas situações nos levam a refletir o cenário atual em que nos encontramos. Uma pergunta precisa ser feita mediante tudo isso: o que se chama de evolução da ciência, da biologia e tecnologia, no que toca a moral, de fato, é um progresso ou será um retrocesso?

Ciência e Moral
Aqui não se trata de ser contra o avanço da ciência, da tecnologia, mas sim a necessidade de um questionamento do como ela está sendo usada. Deve-se reconhecer seus benefícios, porém, sem jamais fechar os olhos para as catástrofes que ela tem produzido, como as pesquisas com célula troco embrionária, métodos modernos contraceptivos (DIU, SIU), aborto, eutanásia, clonagem etc.

Muito se tem falado de progresso, o mundo tem progredido. Quando analisamos essa palavra, percebemos que ela provém do latim progressus, que, em linhas gerais, significa avanço. E a palavra avanço indica caminhar para frente. Partindo do significado da palavra, o que muitos estão chamando de progresso da ciência, da tecnologia, da biologia, nada mais é do que um regresso, quando se afasta da ética personalista. O mundo, ao que diz respeito a moral, não está caminhando para frente; pelo contrário, essas situações desumanizantes como aborto, eutanásia, fertilização in vitro, encontra-se caminhando para trás. Toda vez que a pessoa é desumanizada, isto é, tratada sem valor, mostra a fragilidade moral da ciência.

João Paulo II, na encíclica “Fé e Razão”, afirma que a fé e a razão são como duas asas pelas quais os homens podem alçar voo e encontrar a verdade. Vejamos bem: asas que levam à verdade, portanto, se a ciência se distancia da verdade, nós como católicos precisamos ser contra esse modelo de ciência, que prega o aborto e a eutanásia, que diz ao ser humano que ele pode ser gerado em laboratório (fertilização in vitro), não é a favor da verdade, logo, não merece credibilidade.

A pessoa está no topo das coisas existentes no universo. Portanto, tudo que for feito pela ciência precisa, necessariamente, beneficiar e construir a pessoa humana. Precisamos compreender uma coisa, tudo que desumaniza o ser humano não pode ser chamado de progresso, antes, de regresso.

Não vos conformeis
Em meio a tudo isso, surge uma pergunta: o que fazer? São Paulo, na Carta aos Romanos, diz: “não vos conformeis com este mundo (Rm 12,2)”. Essa frase é muito significativa. Observe que ela está no imperativo, “não vos conformeis!”. Essa é a primeira atitude que devemos assumir , não nos conformarmos.

Não se conformar é uma atitude de quem quer fazer alguma coisa e acredita na mudança. O risco que corremos é de achar que tudo está perdido, não adianta lutar, não tem mais solução. Não! É preciso ter esperança, lutar para que a mudança, de algum modo, aconteça.

Martin Luther King tem uma frase de grande valor: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. O silêncio é uma maneira de se conformar. Portanto, sigamos a ordem dada por São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo!”