Teólogo e ensaísta Tomás Halik elogia proposta de «fraternidade universal» que promove diálogo com todos
O teólogo e ensaísta checo Tomás Halík afirmou que o pontificado de Francisco, eleito há oito anos, tem promovido um combate ao “narcisismo eclesiástico”.
“Temos de pensar para as outras pessoas, não existimos só para nós, enquanto Igreja. Essa é a mensagem mais importante: somos para todos”, refere o sacerdote.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é também o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano, na história da Igreja.
Tomás Halík sublinha que, na liderança de Francisco, se confirmou a convicção de que “a Igreja não existe apenas para si, para os seus membros, é um convite para todos”.
“Temos de superar o nosso narcisismo eclesiástico, o nosso isolacionismo, deixar de estar centrados em nós mesmos. É o que o Papa Francisco chama de clericalismo, temos de superar este modelo, estamos numa sociedade diferente, não temos o monopólio da vida espiritual”.
O autor, que lançou recentemente um livro sobre o tempo das “Igrejas vazias”, durante o confinamento, destaca a importância de levar as comunidades católicas a ultrapassar as próprias “fronteiras”, na promoção da fraternidade universal proposta pelo Papa.
“A viagem ao Iraque e o diálogo com o Islão mostram que a Igreja tem de trabalhar nesta fraternidade universal, solidariedade universal. Isto coloca, contudo, a questão de como entender a nossa identidade cristã neste catolicismo sem fronteiras”, assinala.
Para Tomás Halík, no futuro a Igreja será “muito importante” como um lugar de partilha e diálogo, como escreve o Papa na encíclica ‘Fratelli Tutti’ e como tem defendido, num modelo de “hospital de campanha”.
“A Igreja deve desenvolver vários serviços, em analogia com um bom hospital, promovendo também a imunidade espiritual, num tempo de tantas notícias falsas, teorias da conspiração por causa da pandemia, tantas mentiras, propaganda, influências políticas”, precisa.
O teólogo checo considera que, depois da grande experiência de crise provocada pela Covid-19, vai ser necessário promover um novo estilo de vida.
“O Papa tem falado disso. E esta nova economia, esta nova política, precisa de uma biosfera moral, e temos de desenvolvê-la para a oferecermos à sociedade”, sustenta.
Fonte: Agência Ecclesia
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