2ª Semana da Quaresma | Voltemo-nos para Deus, que nos espera de braços abertos

No segundo Domingo da Quaresma vamos meditar no Evangelho – Mateus 17, 1-9 em que o rosto de Jesus ficou resplandecente como o Sol.

A Transfiguração antecipa a luz da Ressurreição, enquanto Jesus se dirige da Galileia para Jerusalém. Iniciando a caminhada que O levará à Cruz, o Mestre reúne-se com os discípulos para os introduzir gradualmente no mistério do sofrimento e da glória do Filho do homem. Novo Moisés, dum novo Sinai (tradicionalmente identificado com o Sabor), Jesus, envolvido numa grande luz, revela-se Filho de Deus.

Jesus revela a Pedro, Tiago e João, futuras colunas da Igreja (cf. v. 1), uma glória que refulge no Seu “rosto resplandecente como o sol”, não já reflexo da luz divina (como aconteceu com Moisés: cf. Ex 34,29-35), mas fonte da própria “luz” (v. 2). “Moisés e Elias”, as antigas Escrituras, testemunham que Jesus é o Messias esperado por Israel (v. 3); a “voz” do Pai que O proclama “Filho” convida a “escutá-l’O” (v. 5).

A Transfiguração, breve revelação da luz divina encarnada na opacidade da natureza humana, não é momento de auto-exaltação, mas é dádiva feita aos discípulos chamados a serem por sua vez, anunciadores.

É ingenuidade o desejo de reservar para si mesmo essa luz (cf. v. 4): não a felicidade da visão, mas a fadiga da “escuta” é o que resta aos discípulos na sequela de Cristo. Só Ele, Palavra de Deus, permanece quando o êxtase cessa e volta o temor da majestade pressentida (cf. Vv. 6-8). E Jesus volta a descer, com os Seus discípulos, para cumprir uma caminhada dolorosa, através da qual, somente, a luz triunfará (cf. v. 9).

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Vejamos agora a visão de conjunto desta 2ª Semana da Quaresma:

Voltemo-nos para Deus, que nos espera de braços abertos:
2a feira: A Misericórdia de Deus é infinita como a nossa miséria. Que Ele encha bem o avental do nosso coração com uma medida, que vá até transbordar sobre a infelicidade humana que nos rodeia.
3a feira: A exemplo de Deus, sejamos homens de diálogo construtivo e não torres de marfim orgulhosas, solitárias e hipócritas.
4a feira: Ser discípulo de Cristo não é fácil: estamos expostos a críticas e desprezo. Por outro lado, devemos estar sempre em atitude interior de serviço.
5a feira: Não nos afastemos de Deus, indo atrás das riquezas terrestres, que são enganadoras; e, sobretudo sem futuro, como no caso do rico avarento e do pobre Lázaro. Sejamos árvores frondosas e produtivas pela Palavra de Deus, que humedece e alimenta as raízes da nossa vida de homens e de cristãos.
6a feira: Tudo na vida pode ser ocasião de conversão, de povo de irmãos, vivendo na esperança da Ressurreição, cimentados no amor, a exemplo de José do Egipto e de Jesus de Nazaré.
Sábado: O nosso pecado é grande, mas a misericórdia de Deus é ainda maior. Descobramos o amor de Deus por nós, como o melhor dos Pais, e tudo faremos para sermos os melhores dos filhos.