Cerimónia no Palácio de Belém assinalou 25 de abril
O presidente da República Portuguesa condecorou hoje, a título póstumo, o antigo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, “lutador pelas liberdades e pela justiça social”, com a a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Marcelo Rebelo de Sousa apresentou a figura do responsável católico, nomeado há 65 anos como bispo do Porto, como “um precursor do que representa o 25 de abril” e um homem da Cultura.
Numa intervenção disponível no sitio online da Presidência da República, o chefe de Estado evocou o “verdadeiro espírito cristão” do prelado, a sua “interpretação vivida da Doutrina da Igreja” e as suas intervenções sobre a paz, “alimentando uma análise que viria a contribuir decisivamente para a Revolução dos Cravos”.
D. António Ferreira Gomes, acrescentou, foi alguém “profundamente preocupado com a situação dos portugueses e de Portugal”, dando como exemplo a “histórica carta” que enviou a Salazar, que viria a “ditar o seu afastamento do país”.
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou também a título póstumo o antigo primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro.
“É com emoção que recordo estas duas figuras e a ligação que existiu entre elas, neste aniversário do 25 de abril. Através das condecorações que hoje lhes atribui, o Presidente da República recorda a contribuição que tiveram e deram ao nosso país”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia que decorreu na Sala dos Embaixadores no Palácio de Belém.
O arquiteto Siza Vieira foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública,
O presidente da Fundação Spes, José Ferreira Gomes, recebeu das mãos de Marcelo Rebelo Sousa a condecoração atribuída ao bispo que esteve exilado nos tempos de António de Oliveira Salazar.
D. António Ferreira Gomes (1906-1989) foi agraciado em 7 de agosto de 1980 com a Grã-cruz da Ordem da Liberdade e a 20 de maio de 1982 foi homenageado na Assembleia da República.
Pelo seu testamento redigido em 21 de agosto de 1977 institui a Fundação Spes, com “fins benéficos, educativos e culturais”.
A figura do bispo portuense “é emblemática não só por ter pago com dez anos de exílio (1959-1969) o seu amor à verdade, a sua fidelidade à doutrina social da Igreja”, mas por ser um “grande homem do pensamento português, pela inovação com que lê a tradição nacional”, refere a sua biografia no site da Fundação Spes.
Fonte: Agência Ecclesia
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