22º domingo do tempo comum – «Deixais o mandamento de Deus para vos prenderdes à tradição dos homens»

Todo o empreendimento humano, de grande ou pequeno vulto supõe, habitualmente, uma entrega e uma doação totais. Só assim o homem consegue realizar alguma coisa de útil na vida.

Ao aceitar a Palavra de Deus, o homem, no íntimo mais profundo do seu ser, estabeleceu uma aliança com uma Pessoa – Jesus Cristo – e não com uma ideologia. O preço da fidelidade a esta aliança é a renúncia de si mesmo. «Quem quer ganhar a vida, perdê-la-á».

A Lei de Deus, transmitida aos homens, faculta a escolha livre e consciente do caminho a seguir. Não subjuga, liberta, ajudando a discernir o que é essencial do que é acidental, revelando a vontade do Pai e dando a conhecer a Pessoa do Filho – Jesus Cristo – com Quem nos comprometemos.

 

LITURGIA DA PALAVRA

1ª LEITURA – Do Livro do Deuteronómio ( 4, 1-2.6-8 ) – Moisés  diz ao povo de Israel que a obediência aos preceitos do Senhor fará a sua grandeza e glória. Com efeito, a Lei de Deus é caminho de vida. É luz a iluminar os acontecimentos e problemas da existência humana, pessoal e comunitária. Deus revelando-Se ao povo eleito, aproximou-Se do homem e tornou-o conhecedor e participante dos Seus planos de salvação para a humanidade inteira.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 14 (15) – Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?

2ª LEITURA – Da Epístola de São Tiago ( 1, 17-18.21b-22.27 ) – São Tiago dirige esta sua carta aos judeus convertidos ao cristianismo e dispersos pelo vasto império romano. Em toda a carta procura São Tiago demonstrar, a estes novos cristãos, que os Livros Santos, tão religiosamente guardados pelo povo judeu, têm a sua expressão final no Evangelho – Palavra de Cristo Salvador. E, segundo este Evangelho, não pode o homem limitar-se a ouvir mas antes, a ouvir, acreditando. E acreditar é já comprometer-se em favor dos oprimidos e explorados, lutando pela sua libertação.

EVANGELHO – São Marcos ( 7, 1-8.14-15.21-23 ) – Jesus, conhecedor dos costumes judaicos e do apego do povo à letra da Lei, adverte os letrados do Templo acerca da falsa hierarquia de valores por eles estabelecida. A tradição é útil e necessária conquanto se distinga o que nela há de humano e de divino. A distinção entre puro e impuro só existe na medida em que o homem se deixa conduzir por inspirações que, brotando do íntimo do coração, o afastam dos caminhos de Deus.

Padre Toninho
Canção Nova Portugal