A vice-postuladora da causa de canonização da Irmã Lúcia (1907-2005) disse que o processo diocesano, agora concluído, resultou num documento com mais de 15 mil páginas, que seguem para Roma.
“Temos de fazer duas fotocópias, um será o chamado ‘transunto’ e a outra será uma cópia pública, esta sim enviada para Roma. Tem que estar tudo controlado, saber que não falha nem um número nem uma fotocópia nem um carimbo, porque em Roma a primeira análise que irão fazer não será tanto ao conteúdo dos documentos mas à forma como o processo está apresentado”, frisa a irmã Ângela Coelho.
A responsável é uma das entrevistadas da mais recente edição do Semanário ECCLESIA, com um dossier dedicado ao encerramento da fase diocesana da causa de canonização da vidente de Fátima.
A vice-postuladora destaca a importância de cumprir “com todas as formalidades jurídicas” e todas as “exigências” definidas pela Igreja Católica.
Depois de concluída a fase de investigação a nível diocesano, a irmã Ângela Coelho está agora a coordenar a construção formal do processo, de modo a que ele possa ser enviado depois para a Santa Sé, para ser analisado pela Congregação para as Causas dos Santos.
A Diocese de Coimbra e a vice-postulação da Causa de Canonização da Irmã Lúcia (1907-2005) vão promover esta segunda-feira a sessão de clausura do inquérito diocesano, que exigiu a análise de milhares de cartas e documentos.
Esta fase do processo de canonização da vidente de Fátima reúne todos os escritos da Irmã Lúcia, os depoimentos das testemunhas ouvidas acerca da sua fama de santidade e das suas virtudes heroicas, passando agora para a competência direta da Santa Sé e do Papa.
O trabalho de compilação do material está a envolver várias copistas e irmãs da Aliança de Santa Maria que se voluntariaram para esta missão.
De acordo com a irmã Ângela Coelho, todos os elementos têm “trabalhado pela noite dentro para que tudo se apresente de acordo com as indicações da Congregação das Causas dos Santos”, da Santa Sé.
A burocracia é substancial, na elaboração de um processo desta natureza, mas para a vice-postuladora era não é só “necessária” mas também “uma questão de justiça, para com a irmã Lúcia” e “para com a verdade que a Igreja tem de defender”.
Por um lado, está em causa a vida da irmã Lúcia, “batizada, cristã, consagrada”, e por outro “um pronunciamento da Igreja, com certeza, acerca da santidade de um dos seus membros”, e “esta verdade tem que ser investigada”, aponta a mesma responsável.
De Roma tem de chegar “uma primeira manifestação jurídica de que o processo foi feito validamente”, de acordo com as tais regras definidas”.
“Só depois é que vai ser construída a positio [um compêndio dos relatos e estudos realizados pela comissão jurídica], é que haverá o decreto de validade, o decreto de heroicidade das virtudes e só depois do decreto de heroicidade das virtudes é que pode entrar o milagre ou o estudo de um presumível milagre. Estamos a falar de um tempo muito dilatado”, frisa a vice-postuladora.
A par deste empenho na concretização do processo de beatificação de Lúcia, e do processo de canonização dos Beatos Francisco e Jacinta, a irmã Ângela Coelho destaca a importância de “potenciar” a vida e o exemplo dos pastorinhos de Fátima enquanto recurso pastoral da Igreja Católica, a começar na relação com as crianças.
Para aquela responsável, “ainda se pode fazer muito mais” nesse sentido, “junto dos mais novos e dos agentes da pastoral, responsáveis, sacerdotes, catequistas”.
A causa de canonização da Irmã Lúcia está hoje em destaque na emissão do programa ‘70×7’, a RTP2, pelas 13h30.
Fonte: Agência Ecclesia.
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