Tenho fé ou desespero nas tempestades da vida?

Estamos no 12º domingo do tempo comum! Vejamos o que a Liturgia da Palavra nos ensina:

O mar, segundo os mitos do Médio Oriente, é símbolo das forças negativas, capazes de acabar com a vida dos que se atrevem a entrar nele. Assim, encontramos o justo Job, no meio da tempestade das suas provações. Só Deus tem o domínio sobre todas as criaturas e conhece os seus segredos (Job 38, 1.8-11).

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No Evangelho, encontramos Jesus e os apóstolos no meio de uma tempestade no mar de Tiberíades. Não se trata de dar uma lição sobre a arte de navegar, mas sim de uma lição de catequese. No mar da vida, acontecem surpresas para as quais devemos estar preparados: ventos contrários, ondas ameaçadoras, tempestades.

Os discípulos só se lembram de Jesus perante o desespero do naufrágio iminente. Acreditaram mais no poder da tempestade do que em Jesus, verdadeiro Deus. Este, aparentemente ausente, porque dormia, estava realmente presente. É uma imagem da nossa falta de fé, pois, por vezes, as dificuldades aparecem-nos como omnipotentes perante um Deus que se ausenta ou distrai. Felizmente acreditamos que não há problemas ou dificuldades omnipotentes e que só Deus é todo-poderoso (Marcos 4, 35-41).

Perante as dificuldades que Paulo experimentou na comunidade dos cristãos de Corinto, para a aceitação da sua missão, o apóstolo não desanima, porque se sente impelido pelo amor de Cristo. Não se trata de uma pretensão pessoal, mas de uma missão da qual é garantia o próprio Cristo que o envia. Tornámo-nos  uma nova criatura quando deixamos que Cristo seja o nosso Senhor. O que me compete fazer no dia a dia é a mera prática de um dever, ou assume o nível de ser o cumprimento do que Cristo quer de mim e me enviar a fazer com a força da sua graça? (2Coríntios 5, 14-17)

Contemplemos ainda o domingo do Senhor com o Salmo 106 (107) – Dai graças ao Senhor, porque é eterna a sua misericórdia.