Sentir dentro de si a sede nunca antes experimentada do dom de Deus

Nas tradições, quer religiosas, quer poéticas de todos os povos, especialmente os orientais, a água é tomada como símbolo da vida.
Mas este elemento natural, dado ao homem e não fruto do seu trabalho, não simboliza apenas o milagre sempre renovado da vida material. Na verdade, no Novo Testamento, a água exprime, simbolicamente, a salvação, a vida sobrenatural, participação da própria vida divina, a que decidiu elevar os homens, que não abandonou, uma vez caídos em Adão.
Esta água brotará de Cristo Redentor, a Rocha viva (1 Cor 10, 4), na “hora” da Sua morte-glorificação. Ele é o meio de que Deus Se serve, para pôr a vida do homem em comunhão com a Sua própria vida. Ele é a fonte da “água viva” (Jo 7, 37.38).
A Igreja descobrir-nos-á as maravilhas assombrosas desta vida, que começa no momento em que o homem se une a Cristo pela Fé e se enxerta n’Ele pelo Baptismo. Vida misteriosa, pela sua imaterialidade e ela sua dimensão transcendente mas vida real, a única que pode saciar, plenamente, toda a sede de verdade, de amor, de justiça e de liberdade, que atormenta o coração do homem.
1ª Leitura: Livro do Êxodo 17, 3-7 — “Dá-nos água para beber”
O Evangelho domina toda a celebração deste Domingo; é o Evangelho da Samaritana. A liturgia deste dia abre a parte central da Quaresma no aspecto litúrgico, ligada à preparação para os sacramentos da iniciação cristã na Vigília Pascal e igualmente para a renovação da consciência da vida cristã para os que já são batizados. Caminhamos para o Rochedo da água viva, que é Cristo, para d’Ele bebermos, como do rochedo batido pela vara de Moisés bebeu o antigo povo na travessia do deserto.
Salmo 94 (95) — Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.
2ª Leitura: Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos 5, 1-2.5-8 — “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”
O Baptismo é nascimento pela água e pelo Espírito Santo. Disse-o Jesus. Que a água é tomada como sinal do Espírito Santo, disse-o também o Senhor noutra ocasião. E o Espírito Santo, derramado em nossos corações, é a fonte da vida de Cristo sempre a cantar em nós.
Evangelho: São João 4, 5-42 — “Fonte da água que jorra para a vida eterna”
Tanto nesta Missa, como no Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos, esta passagem do Evangelho ocupa lugar de primeira importância juntamente como os Evangelhos dos dois domingos seguintes. A Samaritana é o tipo daqueles que, vindo de longe, ao escutarem a palavra do Senhor, sentem nascer dentro de si a sede nunca antes experimentada do dom de Deus, sede que só Jesus pode saciar. É Ele a fonte de água viva.
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Padre António Justino Filho
Comunidade Canção Nova Portugal. Está neste momento numa imersão missionária na Diocese de Évora