Abrimos a internet e, do nada, surge um tanto de “estímulos sexuais”, de propagandas a ofertas de sites de relacionamento. Abrimos, então, a caixa de e-mails e logo o espanto diante do número de spam que na sua maioria possui conteúdo sexual. Até mesmo ao fazer uma pesquisa no Google, dependendo da palavra que coloca, sua máquina entende que é conteúdo sexual que deseja ver! Como, então, viver a castidade diante do avanço do mundo pornográfico na internet?
Uma pesquisa realizada pela revista norte-americana ‘The Week’ revelou que:
– 12% dos sites que existem na internet são pornográficos – ou, em números atuais, 76,2 milhões;
– 25% das pesquisas em ferramentas de busca envolvem sexo;
– 28 mil usuários de internet veem pornografia a cada segundo;
– 35% dos downloads são pornográficos;
– 8% dos e-mails mandados diariamente têm conteúdo sexual;
– 266 novos sites pornográficos são criados diariamente na internet;
De fato, a pornografia já deixou de estar na sala “reservado para maiores de 18 anos” ou ficar na prateleira “às escuras” de bancas de revistas. Por mais que não tenha interesse nesse tipo de conteúdo, esbarrará, de uma forma ou outra, em algo que lhe insinue sexo.
Como viver a castidade em um mundo pornográfico?
A primeira coisa a se entender é que castidade diz de uma integração e não negação! Não se trata de negar que somos afetados pelas hormonas, pela atração sexual ou até mesmo do desejo que traz dentro de você pelo sexo oposto. Não dá para negar que temos um corpo e que ele funciona! E ainda bem que funciona, não é mesmo? A castidade vai na visão do positivo, da integração de tudo o que acontece dentro do seu corpo e sua mente aquilo que, de fato, é sua essência, ou seja, feito para amar e ser amado.
Diante das estatísticas acima, o que mais assusta não é o fato do grande número de pessoas a procurar pornografia (isso também), mas é o fato de que o ser humano está cada vez mais a distanciar-se da sua essência e, com isso, sua completa desumanização!
O que digo a mim mesmo quando entro no mundo pornográfico? Digo que sou refém dos meus desejos, que posso olhar para o outro e fazê-lo objeto do meu prazer; com isso, tiro dele a oportunidade de ser um sujeito, ser uma pessoa! Muitos não conseguem viver a castidade pelo fato de simplesmente errarem na direção do amor. Em vez de se lançarem em relações de amor, mergulham na relação do uso e, na sua maioria das vezes, tornam se escravos de seus apetites sexuais.
Não se trata apenas de deixar de visitar conteúdos pornográficos (isso também), mas o cerne da questão é: O que compreendo do amor, da afetividade, da sexualidade e do corpo? Pornografia é sintoma de algo mais profundo, que precisa ser orientado e canalizado para um valor de humanidade e logo de santidade.
Masturbação
Certa vez, atendendo uma pessoa viciada em masturbação, vi o drama dela em não conseguir se libertar, era algo mais forte, que, de fato, o escravizava. Não havia alegria na fala, mas a dor de ser um encarcerado em seus próprios vícios. A masturbação é pecado contra a castidade, mas é também sintoma de algo mais profundo que aquela pessoa vivia: sua incapacidade de amar de verdade! Mesmo casada, a pessoa ainda voltava para si mesma a força do amor! Algo narcísistico, onde se definhava na busca do seu egoísta prazer!
Na verdade, a pergunta a ser feita não deveria ser: “Como viver a castidade em um mundo pornográfico?” Mas sim: “Como amar em um mundo pornográfico?”. Talvez ainda mais profundamente seria bom perguntar: “Onde se encontra o homem em um mundo de pornografias?
Diante de tantas perguntas e poucas respostas, seria interessante que entrássemos na escola do amor, para, de fato, percorrermos os reais caminhos do coração, que faz de si e do outro sujeitos de uma história que valoriza a pessoa como pessoa, e não a transforma em objeto descartável de efémeros prazeres.
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