Neste tempo propício da Quaresma, somos convidados a uma atitude de conversão do coração. Neste contexto, é-nos particularmente cara a mensagem oferecida à humanidade em Fátima. Apresentando o olhar de esperança e de misericórdia com que Deus nos olha, somos encorajados a não nos deixarmos vencer pela indiferença que banaliza o mal, mas a deixar que o nosso coração se identifique com Cristo e a assumir a sua atitude de compromisso diante da vida.” É assim que D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, apresenta esta proposta de retiro popular para esta Quaresma de 2017.
TEMA 3
Graça e Misericórdia – As aparições em Tuy e Pontevedra, de 1925, 1926 e 1929
Breve contextualização
Após as Aparições na Cova da Iria, por recomendação do Bispo de Leiria, Lúcia deixa Fátima e vai para o colégio das irmãs Doroteias, no Porto. Sentindo vocação à vida religiosa, foi para Espanha, onde fez o noviciado e pronunciou os votos. Em Pontevedra e Tuy, nos anos de 1925, 1926 e 1929, teve novas aparições. Em relação às anteriores, estas têm um «caráter conclusivo, complementar e interpretativo» (D. António Marto). Aqui centramo-nos na visão de Tuy, que teve lugar em 13 de junho de 1929 e que Lúcia partilhou com o seu diretor espiritual, o padre José Bernardo Gonçalves, que foi quem transcreveu o relato dos apontamentos da vidente.
Leitura das Memórias da Irmã Lúcia (Apêndice 2)
Eu tinha pedido e obtido licença das minhas Superioras e Confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à meia-noite, de quintas para sextas-feiras.
Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada.
De repente, iluminou-se toda a capela com uma luz sobrenatural, e sobre o Altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto. Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com corpo até à cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o corpo de outro homem. Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálix e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado e de uma ferida do peito. Escorregando pela Hóstia, essas gotas caíam dentro do Cálix.
Sob o braço direito da cruz estava Nossa Senhora (era Nossa Senhora de Fátima, com o Seu Imaculado Coração na mão esquerda, sem espadas ou rosas, mas com uma coroa de espinhos e chamas). Sob o braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corresse para cima do Altar, formavam estas palavras: “Graça e Misericórdia”.
Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este mistério que não me é permitido revelar.
Leitura da Carta aos Hebreus (4, 14-16)
Uma vez que temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus, o Filho de Deus, conservemos firme a fé que professamos. De facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado. Aproximemo-nos, então, com grande confiança, do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça para uma ajuda oportuna.
TÓPICOS PARA A MEDITAÇÃO
«Podemos reconhecer o Coração Imaculado de Maria como ‘ícone do amor e da dor do Deus Trinitário’ pelo mundo ou ‘lugar místico’ do encontro de Deus uno e Trino com os homens» (D. António Marto).
O que procuro e encontro realmente na devoção e relação pessoal com Nossa Senhora?
«Graça do amor misericordioso é a síntese da mensagem de Fátima, em que Deus revela e oferece a sua misericórdia como conforto e força capaz de pôr um limite ao poder devastador do mal» (D. António Marto).
É assim que eu a vejo e testemunho? Vou ao Santuário de Fátima para acolher, viver e agradecer estes dons divinos concedidos pelo coração e pelas mãos de Maria? Levo-a para a minha vida?
Na Eucaristia celebramos o mistério do amor misericordioso de Deus que «está no centro da espiritualidade de Fátima» e que procuramos na adoração eucarística e na comunhão reparadora, «para, na união com Cristo, vivermos a orientação da nossa vida e renovar o sim da oferta de nós mesmos a favor dos outros» (D. António Marto).
Já compreendi e vivo a fé, a espiritualidade cristã e a devoção a Maria como graças de Deus e impulso a amar e a servir os outros com misericórdia e bondade na vida de cada dia?
A consagração individual ou comunitária ao Imaculado Coração de Maria é um modo de corresponder à expressão do seu amor e cuidado materno pelo mundo sofredor, «confiando à sua intercessão misericordiosa a causa da paz no mundo e da fidelidade da Igreja» (D. António Marto).
Estou disponível para esta consagração a Maria, unindo-me a ela como ato de intercessão pela paz e compromisso de empenho misericordioso e missionário junto dos outros?
in Retiro Popular Quaresma 2017: “Eu nunca te deixarei”
Diocese Leiria-Fátima
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