QUINTA-FEIRA SANTA | Missa Crismal – Ceia do Senhor

Toda eficácia dos Sacramentos deriva do Sacrifício de Cristo (Sacrosanctum Concilium nº 62), que se renova e continua pela Eucaristia. Por isso a Igreja consagra o Santo Crisma para as unções do Baptismo e da Confirmação e benze os Óleos tradicionalmente chamados dos catecúmenos e dos enfermos, na Missa celebrado pelo Bispo, na igreja catedral, na manhã de Quinta-feira Santa.

É este um rito próprio do Bispo, como sucessor dos Apóstolos e o primeiro servidor da Igreja local, em volta do qual se reúnem, para com ele celebrar a Eucaristia, os Sacerdotes dos diversos lugares e ministérios da Diocese, numa prova de unidade eclesial.

Através dos Santos Óleos, por ele benzidos nesta Missa Crismal e pelos Sacerdotes levados para todas as paróquias, o Bispo “fundamento da unidade da sua Diocese” (Lumen Gentium nº 23), estará presente ao Baptismo, à Confirmação, à Unção dos Enfermos.

Unidos no único Sacerdócio de Jesus Cristo, Bispos e Sacerdotes são, porém, simples instrumentos, “servos do Mistério”. Quem, por intermédio deles, age na Igreja é o Espírito de Jesus, o Espírito Santo, como o subinha toda a liturgia da Missa Crismal.

Renovando, na Missa Crismal, o seu compromisso de serviço à comunidade dos crentes, os Sacerdotes reafirmam o seu desejo de fidelidade ao Espírito Santo, que receberam com a imposição das mãos.

SAGRADO TRÍDUO PASCAL

Desde os primeiros séculos cristãos, a Igreja celebra o mistério da salvação, nas suas três fases (Paixão, Morte e Ressurreição), no decorrer de três dias, que constituem o ponto culminante do ano litúrgico.

Este Tríduo Pascal começa com a Missa Vespertina de Quinta-feira Santa, tem o seu momento mais alto na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do Domingo da Ressureição.

Deste modo, não podemos identificar a Páscoa apenas com o Domingo da Ressurreição. Isso seria mutilar uma realidade extremamente rica e reduzir-lhe as dimensões.

Compreende-se, portanto, a importância deste Tríduo Pascal, quer na Liturgia, quer na vida da Igreja. Dele derivam todas as outras solenidades, que não são senão reflexos, ecos deste Acontecimento salvífico, de modo que o culto cristão é um culto pascal.

O Tríduo Pascal, pelo qual se aplica aos homens a perene eficácia do Mistério da Redenção, deve ser vivido plenamente. Nestes três dias, unidos ao Salvador, percorramos o seu itinerário tornando-nos solidários com Ele na Paixão e na Morte, para o sermos na Ressurreição.

MISSA VESPERTINA DA CEIA DO SENHOR

Seguindo um rito evocativo das grandes intervenções salvíficas de Deus, os Apóstolos celebravam a Ceia Pascal, sem pressentirem que a nova Páscoa havia chegado.

Essa Ceia, contudo, será a última, pois Jesus, tomando aquela simbólica refeição ritual, dá-lhe um novo sentido, com a instituição da Eucaristia.

Misteriosamente antecipando o Sacrifício que iria oferecer, dentro de algumas horas, Jesus põe fim a todas as “figuras”, converte o pão e o vinho no Seu Corpo e Sangue, apresenta-se como o verdadeiro cordeiro pascal – o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,29).

O Sacrifício da Cruz, com o qual se estabelecerá a “nova Aliança”, não ficará, pois, limitado a um ponto geográfico ou a um momento da história: pelo Sacrifício Eucarístico, perpetuar-se-á, “pelo decorrer dos séculos até Ele voltar” (Sacrosanctum Concilium nº 47). Comendo o Seu Corpo imolado e bebendo o Seu Sangue, os discípulos de Jesus farão sua a Sua oferenda de amor e beneficiarão da graça, por ela alcançada aos homens. “Pela participação no Sacrifício Eucarístico, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecem a Deus a Vítima divina e a si mesmos juntamente com ela” (Lumen Gentium nº11).

Para que este mistério de amor se pudesse realizar, Jesus ordena aos Apóstolos que, até ao Seu regresso, à Sua semelhança e por Sua autoridade, operem esta transformação, ficando assim participantes do Seu mesmo Sacerdócio.

Nascido da Eucaristia, o Sacerdócio tornará, portanto, actual, até ao fim dos tempos, a obra redentora de Cristo.

Sendo a Eucaristia a obra-prima de amor de Jesus, a prova suprema do Seu amor (Jo 13,1), compreende-se agora bem por que é que Ele escolheu a última Ceia para fazer a proclamação solene do “Seu mandamento”, o de “nos amarmos uns aos outros”, o mandamento novo, “que resume toda a lei”.

Padre António Justino
(Padre Toninho)
Canção Nova Portugal