Quarto domingo da Quaresma – Ano B

A vida nova, surgida do Mistério Pascal, é pelo Baptismo que é comunicada a todos aqueles que, aceitando Jesus como Messias, Enviado e Filho de Deus, aceitam também serem salvos por Ele.
Na verdade, Jesus Cristo, a Quem pertencia estabelecer o modo, pelo qual a salvação se actuaria, quis que a água baptismal, em virtude do Seu Sangue redentor, lavasse os pecados e fizesse renascer os homens para a vida dos filhos de Deus, mandando os Seus Apóstolos a oferecer aos homens o dom do
Baptismo ( Mt 28,19 ).
O Baptismo é, portanto, o nosso segundo nascimento, no seio da Família de Deus, a Igreja.
Mergulhados nas trevas do pecado, mediante a água baptismal que, com o seu profundo simbolismo, nos recorda outras maravilhas da História da Salvação, como a passagem do Mar Vermelho, nós passamos, realmente, das trevas da morte à luz da vida sobrenatural.
Ao inserir-nos em Cristo crucificado e glorificado, o Baptismo faz-nos, com efeito, participantes da Sua Morte e Ressurreição ( Col 2,12 ), introduz-nos na Sua existência de Ressuscitado.
Começamos assim a viver como “filhos de Deus” cheios duma vida nova, vida indelevelmente marcada pelo Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

1a Leitura do Segundo Livro das Crónicas ( 36,14-16.19-23 ) – Surdo aos incessantes apelos dos profetas, o Povo eleito voltando as costas ao Deus verdadeiro, caíra nos cultos pagãos, deixando de confiar no Senhor, punha no Templo toda a sua esperança; desprezando o próximo, entregava-se à opressão e à injustiça. Com todas as suas infidelidades, foi assim preparando o exílio da Babilônia. Nessa tão trágica situação, terá Deus esquecido o Povo, que O abandonara? Deus é incansavelmente fiel à Sua Aliança. Por isso, não pode abandonar o Seu Povo. Ele está presente nas suas aflições, para o ajudar a levantar-se, preparando-o, através desta crise dolorosa, para uma Aliança mais válida, mais verdadeira, mais duradoura. Ciro será Seu instrumento na realização dos Seus planos de salvação.

Salmo 136 (137) – Se eu não me lembrar de ti, Jerusalém, fique presa a minha língua.

2a Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios( 2,4-10 ) – A situação espiritual do homem, após o pecado, é bem semelhante à do Povo de Deus, no exílio da Babilônia. Também nós, longe de Deus, conhecemos a dolorosa e irremediável condição de escravos do mal. Mas o Pai veio ao nosso encontro e, sem mérito algum da nossa parte, sem que as nossas obras para isso contribuíssem, salvou-nos em Jesus Cristo e Nele nos “recriou”. Mediante o Baptismo, que é uma nova criação, continua a realizar, pessoalmente, esta maravilhosa obra de amor. Aceitar este dom de Deus, que é Jesus Cristo, aderir a Ele pela fé e pelo Baptismo, viver em comunhão de vida e de vontade com Ele é a maneira de o homem corresponder ao amor espontâneo e generoso de Deus.

Evangelho segundo São João ( 3,14-21 ) – Nicodemos procura Jesus, movido por curiosidade intelectual, sem desejar comprometer-se muito. Mas Jesus, em vez de dar explicações teológicas, introdu-lo no Mistério da Salvação, anunciando-lhe que o caminho para o Reino de Deus é o “novo nascimento”, dado ao homem à custa de preço muito alto – a elevação, a entronização de Jesus na Cruz. Com efeito, na Cruz, Jesus mostrou todo o Seu amor filial ao Pai na Cruz, o Pai manifestou toda a Sua benevolência pelos homens. Assim, aqueles que dirigirem o olhar para o Filho de Deus entregue por nós à morte da Cruz, serão recebidos como verdadeiros filhos pelo Pai. Através da fé, os homens inserem na sua existência esse amor: deixam-se recriar e salvar. Mas como o amor não se impõe pela força, a Cruz será sinal de salvação e “sinal de contradição”.