Quarta-feira, 22 de março: audiência com Papa Francisco na Praça de São Pedro. Na sua catequese, partindo do cap. 15 da epístola de S. Paulo aos Romanos, o Papa prosseguiu o ciclo de suas catequeses sobre a esperança cristã. Durante semanas – disse – o apóstolo Paulo nos está ajudando a compreender melhor em que consiste a esperança cristã, e hoje ele o faz colocando-a lado a lado com duas atitudes importantes para a vida e a nossa experiência de fé: a “perseverança” e a “consolação”.
A perseverança, explicou Francisco, poderíamos defini-la também como paciência, pois ela é a capacidade de suportar, permanecer fieis, mesmo quando o peso parece tornar-se demasiado grande, insustentável, e seríamos tentados a julgar negativamente e abandonar tudo e todos. E consolação, por sua vez, é a graça de saber perceber e mostrar em todas as situações, mesmo naquelas mais marcadas pela decepção e sofrimento, a presença e a acção misericordiosa de Deus.
São Paulo recorda-nos que tanto a perseverança como a consolação nos são transmitidas de um modo particular pelas Escrituras, sublinhou o Papa:
“De facto a Palavra de Deus, em primeiro lugar, leva-nos a dirigir o olhar para Jesus, a conhecê-lo melhor e a conformar-nos a Ele, a assemelhar-nos cada vez mais a Ele. Em segundo lugar, a Palavra nos revela que o Senhor é verdadeiramente “o Deus da perseverança e da consolação”, sempre fiel ao seu amor por nós e que cuida de nós, cobrindo as nossas feridas com a carícia da sua bondade e misericórdia”.
Nesta perspectiva, prosseguiu o Santo Padre, podemos compreender as palavras de Paulo “Nós, que somos fortes, temos o dever de carregar as fraquezas dos fracos, e não buscar apenas o que nos agrada”. Na verdade, a expressão “nós, que somos fortes” que poderia parecer presunçosa, na lógica do Evangelho não o é, antes pelo contrário, porque a nossa força não vem de nós, mas do Senhor. E Francisco acrescentou:
“Quem experimenta na própria vida o amor fiel de Deus e a sua consolação pode, ou melhor, tem o dever de ficar próximo dos irmãos mais fracos e se carregar das suas fragilidades. E pode fazê-lo sem autocomplacência, mas sentindo-se simplesmente como um “canal” que transmite os dons do Senhor; e assim, se torna, concretamente um “semeador” de esperança”.
Francisco ressaltou em seguida que o fruto deste estilo de vida não é uma comunidade onde alguns são de “Série A”, isto é, os fortes, e outros de “série B”, ou seja, os fracos, mas pelo contrário, devemos “ter uns para com os outros os mesmos sentimentos, a exemplo de Cristo Jesus”. Porque mesmo aquele que é “forte” cedo ou tarde acaba por experimentar a fragilidade e precisar do conforto dos outros; e vice-versa na fraqueza se pode sempre oferecer um sorriso ou uma mão ao irmão em dificuldade.
Mas tudo isso – disse o Papa a terminar – é possível quando se põe no centro Cristo e a sua Palavra, porque é Ele, e somente Ele, o “irmão forte” que cuida de todos nós. Nunca agradeceremos suficientemente a Deus pelo dom da sua Palavra, presente nas Escrituras e onde Deus se revela como “o Deus da perseverança e da consolação”, e nós nos tornamos conscientes que a nossa esperança não se funda nas nossas capacidades e nas nossas forças, mas no apoio de Deus e na fidelidade do Seu amor – concluiu Francisco.
Na sua saudação aos peregrinos de língua inglesa, e em alusão ao Dia Mundial da Água que hoje se celebra, o Papa Francisco acrescentou as seguintes palavras:
“Dirijo a minha cordial saudação aos participantes na conferência sobre o tema: “Watershed: Replenishing Water Values for a Thirsty World” [ … ], promovida pelo Pontifício Conselho para a Cultura e o Capítulo Argentino do Clube de Roma. Hoje precisamente se celebra o Dia Mundial da Água, instituído há 25 anos pelas Nações Unidas, enquanto ontem foi o Dia Internacional das Florestas. Alegro-me por este encontro, que marca uma nova etapa no empenho conjunto de várias instituições para sensibilizar sobre a necessidade de proteger a água como um bem de todos, valorizando também os seus significados culturais e religiosos. Encorajo em particular o vosso esforço no campo educativo, com propostas destinadas às crianças e jovens. Obrigado por aquilo que fazeis, e que Deus vos abençoe!”
O Papa Francisco, como habitualmente, também se dirigiu aos fiéis de língua portuguesa:
“Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, do Brasil e de Portugal. Queridos amigos, somos chamados a estar sempre disponíveis aos outros, com um sorriso ou uma mão estendida para quem está em dificuldade, tornando-nos assim verdadeiros semeadores de esperança. Que Deus vos abençoe a todos!”
A propósito da iniciativa “24 horas para o Senhor” programada para o próximo fim de semana, Francisco lançou o seguinte apelo:
“Convido todas as comunidades a viver com fé o encontro de 23 e 24 de março para redescobrir o sacramento da reconciliação: “24 horas para o Senhor”. Espero que também neste ano este momento privilegiado de graça do caminho quaresmal seja vivido em muitas igrejas para experimentar o encontro jubiloso com a misericórdia do Pai, que a todos acolhe e perdoa”.
Ao grupo de língua italiana o Papa dirigiu uma cordial saudação aos participantes no encontro para Directores Migrantes encorajando-os a prosseguirem no empenho para o acolhimento e hospitalidade das pessoas deslocadas e dos refugiados, facilitando a sua integração, tendo em conta os direitos e os deveres recíprocos para aqueles que acolhem e aqueles que são acolhidos.
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção (BS)
Fonte: News.va
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